São Paulo, domingo, 29 de fevereiro de 2004


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Cardápios modernos, orçamentos possíveis e não-restrição ao número de convidados atraem clientes

Receita dos pequenos é ser flexível

BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Serviço com gostinho de novidade é a receita de bufês de pequeno e médio porte para conquistar espaço no mercado de festas. Com foco ajustado em um público que não é atendido pelos negócios mais tradicionais, os empresários revelam sua maior arma para sobreviver: a flexibilidade.
Contra os cardápios prontos, oferecem total liberdade de escolha; contra as exigências de número mínimo de convidados, atacam de jantar a dois. E, se o problema for o preço, por que perder o cliente? A festa é montada para caber no bolso do freguês.
Nem todas as estratégias estão presentes em todos os serviços, embora haja quem o faça. Normalmente, o empresário aposta em um ou dois desses atrativos para alavancar o empreendimento.
Sucesso sobretudo entre o público de até 40 anos, que busca praticidade, comida saudável, visual moderno e, na maioria das vezes, refinamento sem abrir mão de preço baixo, os novos bufês abusam da criatividade e prometem atendimento de primeira.
As festas são em espaços recomendados ou na casa do cliente, já que os bufês não têm salões nem espaços próprios para eventos.

R$ 10
"Se o cliente disser que pode gastar R$ 10 por pessoa, vou montar um cardápio para ele", promete Daniela Kishimoto, 25, uma das donas do Zest Cozinha Criativa.
"Não tenho cardápio", diz Andresa Boccuzzi, 28, sócia da irmã Tatiana, 30, no bufê Ouro Branco. "Dou liberdade para o cliente escolher o que quiser. A pessoa pede, e eu monto o orçamento."
A estratégia da dupla para enfrentar a grande rotatividade desse mercado é ganhar na quantidade. "Ganhamos pouco por festa, mas fazemos muitos eventos."
A arquiteta Rita Atrib, 39, dona do Petit Comitê, criado há dez anos, conta que começou eliminando a quantidade mínima de convidados para os eventos.
"A proposta era justamente atender um número pequeno de pessoas, sem limite mínimo. Com o tempo, deixei de estipular limite máximo. Hoje também faço festas grandes", afirma. E revela que a empresa engrenou mesmo a partir de uma mudança de perfil.
"Com dor no coração, de um ano para cá, estabeleci que por menos de R$ 1.000 não faço mais festas. No começo, a gente faz tudo, mas acho natural querer crescer e fazer eventos maiores", diz.
Já as irmãs Paula, 31, e Gisela Alves, 28, resolveram ir para um nicho que julgavam ser pouco explorado. Montaram o Crepe Suzete, que leva funcionários à casa do cliente para uma noite de crepes ou de massas, sempre com recheios variados, ou mesmo para um brunch. "O bufê somos eu e minha irmã, mais ninguém. Não temos empregados. Contratamos pessoal especializado, de acordo com a demanda", conta Paula.

Luz de velas
O Jantar a Dois, aberto há cinco anos em Sorocaba (100 km de São Paulo), nasceu como uma espécie de filhote do bufê Balaio, casa do interior paulista. Há dois anos e meio, migrou para São Paulo.
A jornalista Carina Chaves, 30, ganhou experiência no estabelecimento dos pais e percebeu que havia espaço para produzir jantares para casais -com direito a decorações românticas, feitas em hotéis de luxo com os quais a empresa mantém parcerias- e para pequenos grupos. Segundo ela, não falta quem queira "pagar um pouquinho mais por um serviço especializado". As noites românticas custam a partir de R$ 400.
Outro nicho crescente é o de atendimento a empresas. Isamara Cossoy, 52, sócia do Mil Idéias Gastronomia, revela que esse público tem um atraente diferencial. "O grau de fidelidade é bem maior entre pessoas jurídicas. As empresas promovem eventos constantemente, mas não aceitam nenhum deslize", diz.
Ela ressalta que, nos eventos empresariais, como cafés da manhã ou lançamentos de produtos, também há uma grande preocupação com a alimentação saudável. "Começamos atendendo empresas que precisavam do serviço e não tinham capacidade para contratar os grandes bufês."



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