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Cardápios modernos, orçamentos possíveis e não-restrição ao número de convidados atraem clientes
Receita dos pequenos é ser flexível
BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Serviço com gostinho de novidade é a receita de bufês de pequeno e médio porte para conquistar
espaço no mercado de festas. Com
foco ajustado em um público que
não é atendido pelos negócios
mais tradicionais, os empresários
revelam sua maior arma para sobreviver: a flexibilidade.
Contra os cardápios prontos,
oferecem total liberdade de escolha; contra as exigências de número mínimo de convidados, atacam
de jantar a dois. E, se o problema
for o preço, por que perder o
cliente? A festa é montada para caber no bolso do freguês.
Nem todas as estratégias estão
presentes em todos os serviços,
embora haja quem o faça. Normalmente, o empresário aposta
em um ou dois desses atrativos
para alavancar o empreendimento.
Sucesso sobretudo entre o público de até 40 anos, que busca
praticidade, comida saudável, visual moderno e, na maioria das
vezes, refinamento sem abrir mão
de preço baixo, os novos bufês
abusam da criatividade e prometem atendimento de primeira.
As festas são em espaços recomendados ou na casa do cliente, já
que os bufês não têm salões nem
espaços próprios para eventos.
R$ 10
"Se o cliente disser que pode gastar R$ 10 por pessoa, vou montar
um cardápio para ele", promete
Daniela Kishimoto, 25, uma das
donas do Zest Cozinha Criativa.
"Não tenho cardápio", diz Andresa Boccuzzi, 28, sócia da irmã
Tatiana, 30, no bufê Ouro Branco.
"Dou liberdade para o cliente escolher o que quiser. A pessoa pede, e eu monto o orçamento."
A estratégia da dupla para enfrentar a grande rotatividade desse mercado é ganhar na quantidade. "Ganhamos pouco por festa,
mas fazemos muitos eventos."
A arquiteta Rita Atrib, 39, dona
do Petit Comitê, criado há dez
anos, conta que começou eliminando a quantidade mínima de
convidados para os eventos.
"A proposta era justamente
atender um número pequeno de
pessoas, sem limite mínimo. Com
o tempo, deixei de estipular limite
máximo. Hoje também faço festas
grandes", afirma. E revela que a
empresa engrenou mesmo a partir de uma mudança de perfil.
"Com dor no coração, de um
ano para cá, estabeleci que por
menos de R$ 1.000 não faço mais
festas. No começo, a gente faz tudo, mas acho natural querer crescer e fazer eventos maiores", diz.
Já as irmãs Paula, 31, e Gisela Alves, 28, resolveram ir para um nicho que julgavam ser pouco explorado. Montaram o Crepe Suzete, que leva funcionários à casa
do cliente para uma noite de crepes ou de massas, sempre com recheios variados, ou mesmo para
um brunch. "O bufê somos eu e
minha irmã, mais ninguém. Não
temos empregados. Contratamos
pessoal especializado, de acordo
com a demanda", conta Paula.
Luz de velas
O Jantar a Dois, aberto há cinco
anos em Sorocaba (100 km de São
Paulo), nasceu como uma espécie
de filhote do bufê Balaio, casa do
interior paulista. Há dois anos e
meio, migrou para São Paulo.
A jornalista Carina Chaves, 30,
ganhou experiência no estabelecimento dos pais e percebeu que
havia espaço para produzir jantares para casais -com direito a
decorações românticas, feitas em
hotéis de luxo com os quais a empresa mantém parcerias- e para
pequenos grupos. Segundo ela,
não falta quem queira "pagar um
pouquinho mais por um serviço
especializado". As noites românticas custam a partir de R$ 400.
Outro nicho crescente é o de
atendimento a empresas. Isamara
Cossoy, 52, sócia do Mil Idéias
Gastronomia, revela que esse público tem um atraente diferencial.
"O grau de fidelidade é bem
maior entre pessoas jurídicas. As
empresas promovem eventos
constantemente, mas não aceitam
nenhum deslize", diz.
Ela ressalta que, nos eventos
empresariais, como cafés da manhã ou lançamentos de produtos,
também há uma grande preocupação com a alimentação saudável. "Começamos atendendo empresas que precisavam do serviço
e não tinham capacidade para
contratar os grandes bufês."
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