São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007


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SENTIDO BAIRRO

Redes ameaçam mercado de bairro

Com lojas menores, grandes corporações tomam espaço do comércio local de periferias

Roberto Assunção/Folha Imagem
O presidente da Coop, Antonio José Monte, que inaugurará lojas com menos variedade de produtos


PAULA NUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As grandes redes de supermercados estão invadindo os bairros. Com lojas menores, atendimento diferenciado e alto poder de investimento, essas corporações têm ampliado seu raio de alcance e se ramificado para a periferia das metrópoles.
Para o consumidor, surge mais uma opção de compra. Mas essa "invasão" tem sido recebida com cautela, em especial por pequenos e médios empresários, que vêem nessa migração uma ameaça.
"Em vez de aumentarem suas lojas, os grandes estão diversificando seus formatos", diz o presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda.
"As maiores oportunidades de crescimento [no setor] estão nas regiões que concentram população de baixa renda, e quem atinge esses mercados são os supermercados regionais", diz o coordenador do Centro de Excelência em Varejo da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas), Juracy Parente.
Redes como Pão de Açúcar e Carrefour, por exemplo, detectaram esse panorama e têm investido em lojas fora das regiões centrais para ampliar a participação de mercado.
Nesse cenário, é difícil competir em preços. Com centros de distribuição e compras em alta quantidade, as grandes redes ganham em escala.
Os pequenos varejistas, no entanto, têm suas vantagens. E é exatamente no tamanho onde está a principal delas.
Muitos negócios são geridos pelos donos, que conhecem seus clientes pelo nome e suas preferências. Para especialistas, é esse know-how que os auxilia a fidelizar a clientela, impedindo-a de migrar.
Levantamento realizado pela Abras mostra que, atualmente, dos mais de 73 mil associados, 71% têm espaço de até 1.000 m2.

Novo modelo
Seguir o caminho traçado pelas grandes tem sido a estratégia da rede Coop para conquistar uma fatia de mercado.
A idéia é fazer frente a concorrentes como o Dia% e o Econ, apostando em lojas menores, com pouca variedade de marcas e preços baixos. A primeira, batizada de Coop ao Lado, será inaugurada em agosto.
"Reduzimos [a cartela de produtos e o tamanho da loja] para acompanhar a tendência", admite o presidente da Coop, Antonio José Monte.
Os novos pontos-de-venda terão três marcas por produto. A rede também pretende valorizar os itens de marca própria.


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