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SENTIDO BAIRRO
União em redes impulsiona varejo
Diferenciação e centralização de compras conferem competitividade a pequeno mercado
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há um ano e meio, a comerciante Acely Maria Romano
Mariano, 59, perdeu o sono.
Ficava pensando no futuro de
seu mercado, de 300 m2, com a
inauguração de uma unidade
da rede de supermercados
Dia% a 500 metros de sua loja.
A concorrência, diz ela, fez
estragos. Viu o movimento reduzir 30%. Pensou em fechar.
Menos de seis meses depois,
percebeu que o negócio contava com algumas qualidades que
o concorrente -mesmo poderoso e com preços mais baixos
dos que os seus -não tinha.
Atendimento caloroso, assistência ao churrasco dos clientes no fim de semana, entrega
domiciliar e caderninho para
anotação das vendas fiadas foram seus principais trunfos.
Assim que o mercado concorrente "deixou de ser novidade", os clientes voltaram.
"Sei que perdi um pouco da
clientela e que minhas vendas
de lataria e de produtos de
limpeza diminuíram, mas o impacto foi menor do que imaginei", conta a empresária.
Os diferenciais foram o segredo da sobrevivência do negócio, mas podem não ser suficientes para barrar o avanço
das grandes redes varejistas.
"É preciso ler sobre o setor,
fazer cursos, realizar pesquisas
com grupos para identificar
onde estão as falhas do empreendimento e juntar-se a outros pequenos empresários",
recomenda o coordenador do
núcleo de varejo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e
Marketing), Ricardo Pastore.
Segundo ele, o principal ponto de vulnerabilidade de pequenos mercados está na falta
de uma gestão estruturada.
"O empresário tem de profissionalizar o negócio, como usar
recursos tecnológicos", aponta.
União
Outra forma de ganhar músculos nesse mercado é unir-se a
outros estabelecimentos.
Foi o que fizeram D'avó, Extrabom e outros supermercados, que se aliaram para criar a
Rede Brasil. Juntos, unificaram
as operações de compra para
ganhar poder de negociação e
competitividade.
Essa também é a estratégia
do comerciante Omar Abdul
Assaf, dono de dois supermercados no litoral paulista.
Há dez anos, Assaf diz ter
percebido que, sozinho, não
conseguiria competir em preço
com os gigantes do setor.
Resolveu unir forças. Descobriu que assim tinha poder de
barganha com a indústria -otimizaria as compras e poderia
baratear a distribuição.
Em 1999, oficializou a central
de compras Rede Litoral, que
atualmente reúne 38 lojas na
Baixada Santista.
"Oferecemos diferenciais
nos nossos serviços para tentar
fidelizar os clientes", explica.
A iniciativa se ampliou. Hoje
o grupo conta com cartão de
marca própria, conferindo crédito e parcelamento a seus
clientes. Também está construindo um centro de distribuição para concentrar o recebimento de mercadorias.
Pretende, ainda, criar um
layout único para as associadas.
"Queremos fazer propaganda na televisão, como os grandes", confidencia Assaf.
(PN)
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