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Empresas novatas emagrecem e vão longe

INOVAÇÃO

Por STEVE LOHR

SUNNYVALE, Califórnia - Lee Redden, 26, um estudante de doutorado em engenharia na Universidade Stanford em Palo Alto, Califórnia, decidiu recentemente interromper os estudos e ajudar a fundar uma nova empresa. Sua especialidade está em alguns nichos muito quentes da inteligência artificial, visão por computador e aprendizado de máquinas. Mas ele não está aplicando seus talentos em máquinas de busca na internet, comércio on-line ou vigilância de inteligência.

As ambições de Redden estão mais longe -nos campos agrícolas, na verdade. Sua empresa, a Blue River Technology, está desenvolvendo um robô matador de pragas para fazendas orgânicas, que recusam os pesticidas químicos. O novo empreendimento, ele disse, é "uma ótima maneira de levar essa tecnologia para a agricultura".

Essa novata indica a última fase da evolução no Vale do Silício, o epicentro mundial da inovação. Ao longo dos anos a região demonstrou uma capacidade econômica ímpar para saltar de um setor de oportunidade para outro, da eletrônica militar aos wafers de silício, a computadores pessoais à internet.

Mas o negócio do Vale hoje tem menos a ver com concentrar-se em um setor particular do que ser um contínuo processo de inovação em tecnologia, através de uma área crescente de campos. A tendência reflete a marcha constante da mais diversificada das tecnologias -a computação-, enquanto faz novas incursões por todas as disciplinas científicas e indústrias. Tecnologia limpa, bioengenharia, diagnósticos médicos, tratamentos de saúde preventivos, transportes e até agricultura hoje fazem parte da mistura para os tecnólogos e empresários do Vale.

"O que está diferente é que encontramos um método quase científico de reinventar empresas e indústrias, e não apenas produtos", disse Randy Komisar, um sócio da importante firma de capital de risco Kleiner Perkins Caufield & Byers e palestrante sobre empreendedorismo em Stanford. "A abordagem é muito mais sistemática do que era vários anos atrás."

O novo modelo para fundar empresas conta com hipóteses, experimentos e testes de mercado desde o dia em que a companhia é fundada. Essa é uma ruptura drástica da abordagem tradicional de traçar um plano empresarial, estabelecer metas financeiras, construir um produto acabado e então desenvolver a empresa e esperar pelo sucesso.

A fórmula atual é muitas vezes chamada de "novata magra". Seus proponentes principais incluem Eric Ries, um engenheiro, empresário e autor que inventou o termo e hoje é um empresário na Escola de Administração de Harvard; e Steven Blank, um empresário, autor e palestrante em Stanford.

A abordagem enfatiza o rápido desenvolvimento de "produtos mínimos viáveis", versões de baixo custo que são mostradas aos consumidores para ver sua reação, e então aperfeiçoadas. Flexibilidade é outra marca do negócio: teste os modelos e ideias empresariais, remova impiedosamente as falhas e passe para o Plano B, C, D e assim por diante - "pivotando", como é conhecido o processo.

A Fundação Nacional de Ciências em Arlington, Virgínia, aposta no novo modelo para melhorar o índice de comercialização da pesquisa universitária que ela financia. Em outubro, a fundação anunciou a primeira série de verbas para o que chama de N.S.F. Innovation Corps. As 21 equipes de três membros selecionadas em todos os Estados Unidos vão receber US$ 50 mil cada durante seis meses para testar se suas invenções são comercializáveis.

O modelo de novata magra do Vale está influenciando a educação empresarial da corrente dominante. Nesta primavera os 900 alunos do primeiro ano da Escola de Administração de Harvard devem fundar uma empresa como matéria obrigatória.

A cultura de assumir riscos do Vale hoje está sendo aplicada além do hardware e software. Existem empreendimentos de alto perfil como os Nest Labs, fundados por Tony Fadell, que contratou mais de cem engenheiros da Apple, Google e Microsoft. A empresa é apoiada por firmas de capital de risco. E há empreendimentos menores, como a Blue River Technology.

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