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Mergulhando (na conta bancária) atrás do Titanic

Por WILLIAM J. BROAD

Você desce, desce, desce, durante duas horas e meia, espremido entre outras duas pessoas num minúsculos submersível, até chegar ao fundo do oceano Atlântico -e aí tudo o que você vê, por uma escotilha, são os restos deteriorados do navio outrora grandioso onde milionários da Idade de Ouro americana jogaram, comeram e, em alguns casos, morreram.

A viagem não é para claustrofóbicos, nem para os 99%: um cruzeiro de duas semanas com mergulho e duração de oito a dez horas, custa US$ 60 mil.

Mas, para os fãs do Titanic, não há preço ou privação grande demais - especialmente porque no próximo 15 de abril será o centenário do naufrágio.

"Essa é uma oportunidade única na vida", disse Renata Rojas, executiva em Nova York, sobre o mergulho de 3.200 metros até o lamacento leito marinho. "Sou obcecada pelo Titanic desde os 10 anos de idade."

Pensando no centenário, pelo menos 80 pessoas devem fazer o mergulho, de acordo com a empresa que administra as excursões, a Deep Ocean Expeditions. Desde a descoberta dos destroços, em 1985, só esporadicamente esses mergulhos são oferecidos a turistas, e a agência diz que pretende interrompê-los definitivamente.

Em julho de 2012, porém, os passageiros viajarão em submersíveis russos Mir, capazes de suportar as esmagadoras pressões abissais. No interior, um piloto e dois turistas ocupam um espaço de dois metros de largura, usando várias camadas de roupa devido ao frio. Os passageiros levam um almoço, mas são lembrados de que não há instalações sanitárias a bordo.

Viagens desse tipo acarretam perigos -duas pessoas morreram num submersível que ficou entalado em um naufrágio na Flórida- e polêmicas. Cientistas e acadêmicos temem mais danos ao navio, e mais profanação no que é um túmulo coletivo.

Mas eles também veem o centenário como oportunidade para divulgar a ideia de um acordo global para a proteção do Titanic. "Precisamos de um acordo básico", disse James Delgado, diretor da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, que monitora o naufrágio.

Durante viagem inaugural, o elegante navio abalroou um iceberg e afundou, perto da região da Terra Nova. Hoje, os destroços não passam de uma enferrujada bagunça. Os preços do passeio, porém, dispararam: em 1998, custava US$ 32,5 mil; hoje, sai por US$ 59.680.

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