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Rock com nova fórmula de sucesso

"Conservar o status quo, significa que está desistindo."

Josh Anderson/The New York Times
The Black Keys no estúdio que Auerbach construiu em Nashville; a dupla criou um som diferente daquele de seu álbum anterior, "Brothers"
The Black Keys no estúdio que Auerbach construiu em Nashville; a dupla criou um som diferente daquele de seu álbum anterior, "Brothers"

Por ALAN LIGHT

NASHVILLE - Em março passado, quando o guitarrista Dan Auerbach e o baterista Patrick Carney (que formam o duo The Black Keys) começaram a trabalhar em um novo álbum em Nashville, eles tinham chegado à terra prometida do rock'n'roll.

Antes, passaram quase uma década formando uma base de fãs, trabalhando à moda antiga -ou seja, fazendo turnês incessantes, sendo aclamados pela crítica e ganhando divulgação boca a boca. O sinuoso "Tighten Up" acabou passando dez semanas como número 1 na parada de rock alternativo da "Billboard".

Mas, em vez de repetir o clima soul de "Brothers" ou retornar ao ritmo de blues de seus primeiros álbuns, o próximo álbum do Black Keys, "El Camino", a sair este mês pela Nonesuch Records, inova no estilo e no processo.

É a música mais urgente que a dupla já criou; as 11 canções do álbum são aceleradas e carregadas de ganchos, com indícios de batidas de glitter-rock, melodias de girl bands e guitarra de surf music.

Carney reconheceu que o álbum também reflete a pressão imposta sobre a dupla, após o sucesso inesperado de "Brothers", seu sexto álbum, que já vendeu 870 mil exemplares.

"Para mim, tudo o que estava acontecendo me deixava fisicamente nervoso", ele contou, sentado na casa em Nashville que divide com sua noiva. "Ver como estava crescendo o público dos shows, sentir que as pessoas estavam prestando atenção -isso tudo me deixava ansioso."

Mas, ele acrescentou, "no caso da música, se você apenas mantém o status quo, acho que quer dizer que está desistindo".

Com o setor de música como um todo em maus lençóis, o gênero do rock talvez seja o mais afetado. Mesmo bandas que se apresentam em estádios, como Coldplay e Red Hot Chili Peppers, encontram dificuldade em repetir seus sucessos passados.

É especialmente notável que o Black Keys tenha decidido lançar o experimento arriscado que é "El Camino" neste momento crucial da carreira do duo.

Auerbach e Carney começaram a gravar o álbum sem canção alguma composta, sem planos, e esperaram que acontecesse o melhor possível.

"Talvez a gente simplesmente não seja muito inteligente", falou Auerbach, sorrindo.

O álbum é também o primeiro que os dois gravaram na cidade para a qual se mudaram.

Ano passado, Auerbach, 32, e Carney, 31, que se conheceram no colégio, mudaram-se de Akron, Ohio, onde sempre viveram, para Nashville, onde Auerbach construiu um estúdio para o duo.

Auerbach, que é casado e tem uma filha de 4 anos, disse que o som de "El Camino" espelha o ritmo da vida deles durante o prolongado trabalho de divulgação de "Brothers", quando eles se alternavam entre viajar em turnê e gravar, além da influência do rock mais acelerado que eles estavam ouvindo, incluindo The Clash, The Sweet, The Cars e muito rockabilly dos anos 1950.

Eles dizem que, apesar de todas as transformações pelas quais passaram e os prêmios que receberam no último ano e meio, sua ascensão foi gradual para não provocar rupturas.

"Se tivesse sido com nosso segundo disco, isso teria sido diferente", comentou Auerbach. "Mas agora nós não vamos nos comprometer. Ganhamos a vida bem, fazendo turnês e tocando para uma base de fãs que estamos cultivando há dez anos. Não sentimos que precisamos ter um sucesso de rádio ou então acabar."

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