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Valorizando capas na era dos livros digitais

Por JULIE BOSMAN

Enquanto mais leitores aderem à praticidade dos e-books, as editoras promovem uma reforma visual nos livros impressos.

Muitos livros lançados recentemente possuem elementos de design normalmente reservados para ocasiões especiais: bordas rebarbadas, páginas coloridas, papel de alta qualidade e sobrecapas belas com inovações criativas na arte da fabricação de livros.

Se os e-livros são práticos e de leitura fácil, raciocinam as editoras, os livros em papel precisam se destacar pela beleza física e por proporcionar prazer a seus donos pelo fato de possuí-los, não apenas por sua leitura. "Quando as pessoas lêem livros belos, são mais notadas", disse Robert S. Miller, publisher da Workman Publishing. "É como enviar uma cartinha de agradecimento escrita em papel, quando vivemos em uma era de correspondência por e-mail."

O ansiosamente aguardado romance de 925 páginas "1Q84", de Haruki Murakami, chegou às livrarias em outubro envolto em uma sobrecapa translúcida da qual uma jovem lançava um olhar cativante. Um novo livro de Stephen King sobre o assassinato de Kennedy, "11/22/63", tem uma sobrecapa complexa e fotos em seu interior. A edição em capa mole de "Decoded", o livro de memórias de Jay-Z, traz um Rorschach dourado na capa, e em março a capa de "The Song of Achilles", de Madeline Miller, trará um capacete em relevo, gravado com furos, rachaduras e textura, criando um efeito tridimensional.

Algumas edições podem comandar preços mais altos. É o caso de uma nova tradução, assinada por Stephen Mitchell, de "A Ilíada", que tem um marcador de seda vermelha, papel pesado e preço de US$ 35. A edição em capa mole de "Decoded" custa US$ 25.

Nos últimos anos as editoras adotaram atitude frugal, mas isso está começando a mudar, segundo Julie Grau, vice-presidente sênior e publisher da Spiegel & Grau, que faz parte da Random House.

"Estamos repensando o valor de efeitos especiais e padrões de produção mais altos", falou a publisher. "Hoje, em alguns casos, vale criar um objeto mais bonito de capa dura ou mole."

A estratégia consiste em elevar o valor dos livros impressos e construir um mercado saudável e diversificado que inclua livrarias de tijolos e que não seja dominado pela Amazon.

Na livraria Changing Hands, no Arizona, uma vitrine de edições Penguin traz um cartaz dizendo "dê beleza clássica neste Natal".

Há indicações de que uma edição em capa dura e com desenho belo pode manter as vendas de livros de papel altas e reduzir as vendas de e-books. "1Q84" já vendeu 95 mil exemplares em capa dura e 28 mil em e-book -uma inversão do padrão para trabalhos novos de ficção da Knopf.

Em outubro, o britânico Julian Barnes, quando recebeu o prêmio Man Booker por "The Sense of an Ending", exortou as editoras a não deixarem a estética de lado.

"Aqueles de vocês que já viram meu livro, seja o que for o que pensam de seu teor, provavelmente concordam que é um objeto belo", disse Barnes. "E, para que o livro físico, como agora o chamamos, possa resistir ao livro eletrônico, é preciso que pareça algo que vale a pena ser comprado e guardado."

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