Índice geral New York Times
New York Times
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

DINHEIRO & NEGÓCIOS

Ex-inimigos se aliam durante crise europeia

POR NICHOLAS KULISH

Poderio econômico alemão atrai a Polônia atual

BERLIM - Na batalha pela salvação do euro, a Alemanha tem muita influência, mas poucos amigos. Um dos seus mais sólidos aliados é também um dos mais surpreendentes: a Polônia, historicamente inimiga.

Apesar de todo o dano que tem causado, a crise das dívidas soberanas europeias trouxe ainda mais harmonia à tensa e muitas vezes sangrenta relação histórica entre Polônia e Alemanha, talvez abrindo caminho para um novo eixo Paris-Berlim-Varsóvia como possível núcleo de uma Europa mais integrada.

A Polônia é uma coadjuvante crucial no drama do euro. Ela representa um bem escasso - uma economia em expansão, entusiasmada pela integração europeia, inclusive com planos de aderir à moeda única.

"Não existe plano B para a Polônia que não a Europa: uma Europa mais forte, uma Europa mais ativa, econômica e também politicamente", disse Eugeniusz Smolar, do Instituto Polonês de Assuntos Internacionais.

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, apoia a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, na sua busca por mudanças completas nos tratados da zona do euro, de modo a impor mais controle e supervisão sobre os orçamentos nacionais, sem que isso se limite a um mero acordo entre os países que usam a moeda única.

A Polônia mantém estreitas relações com países do antigo bloco soviético e com nações da Europa Setentrional que não usam o euro, como a Suécia. Ela ocupa um lugar especial de liderança entre os países que, sem entrarem para a zona do euro, não descartaram oficialmente essa hipótese.

Em 2011, o país aderiu voluntariamente ao Pacto do Euro, um plano de reforma política e fiscal do bloco.

O entusiasmado apoio polonês à integração europeia representa um forte contraste com a posição do Reino Unido constantemente fazendo alertas e tentando se colocar como exceção.

E o fato de a Polônia ter sofrido nas mãos de alemães e russos, numa história repleta de invasões, partilhas e ocupações, coloca os líderes poloneses em condições privilegiadas para acalmar a crescente preocupação com o predomínio alemão na Europa.

Num discurso proferido em dezembro em Berlim, o chanceler polonês, Radoslaw Sikorski, disse que a maior ameaça à segurança da Polônia não são os mísseis russos nem o Taliban, e "certamente não são os tanques alemães".

O maior risco, disse Sikorski, é o colapso da zona do euro, e por isso ele pediu que a Alemanha, "como nação indispensável da Europa", assuma a responsabilidade de liderar.

"Serei provavelmente o primeiro-ministro polonês de Relações Exteriores a dizer isso, mas aí vai", afirmou.

"Temo menos o poder alemão do que estou começando a temer a inação alemã."

A Polônia, com seus 38 milhões de habitantes, é a maior nação ex-comunista a aderir à União Europeia, e o único país do grupo que não mergulhou na recessão desde o início da crise financeira.

No terceiro trimestre, seu crescimento anualizado foi de 4,2% -é um dos raros países que crescem com força num continente que atualmente apresenta desempenho econômico genericamente anêmico.

O comércio total entre a Alemanha e a Polônia, que ocupou a presidência rotativa da União Europeia no segundo semestre de 2011, alcançou quase US$ 89 bilhões no ano passado.

Declarou Tusk em 2011 diante do Parlamento Europeu: "Estou convencido de que a resposta à crise é mais Europa, mais integração europeia, e isso exige instituições europeias fortes".

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.