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Lições aprendidas com o gelo polar

Com o recente centésimo aniversário da conquista do pólo Sul, predominaram as histórias de sobrevivência e morte no sétimo continente. Roald Amundsen chegou primeiro, em dezembro de 1911, seguido cerca de um mês depois por Robert Falcon Scott, que chegou lá em 17 de janeiro de 1912. No entanto, as dificuldades de Scott no gelo, narradas nos cadernos que ele mantinha enquanto sua equipe de cinco homens lutava sem sucesso para completar a viagem de 1.300 quilômetros até a segurança, quase relegou o feito de Amundsen a uma nota de rodapé histórica.

Outra exploração polar fracassada, uma tentativa de atravessar a Antártida por Ernest Shackleton entre 1914 e 1916, também inspirou diversos livros. Mas Shackleton conseguiu, o oposto de Scott: os 28 homens de sua equipe voltaram para casa vivos. A odisseia de dois anos de seu grupo -depois que seu navio, o Endurance, foi esmagado pelo gelo e afundou-, navegando os mares abertos em botes salva-vidas e atravessando terrenos gelados, também parece superar o triunfo de Amundsen.

Nancy F. Koehn, uma historiadora da Escola de Administração de Harvard, escreveu recentemente no "Times" que seu estudo de caso da liderança de Shackleton em uma missão que se transformou numa luta pela sobrevivência "atraiu mais interesse de executivos do que qualquer outra que eu discuti em aula".

"Shackleton pode servir de modelo", escreveu Koehn, "apesar de sua expedição, julgada por seus objetivos iniciais, ter sido um enorme fracasso."

Quase ninguém enfrenta as lutas de vida e morte daqueles exploradores polares, mas todos nós podemos aprender lições do que Koehn viu como "a capacidade de Shackleton de reagir à mudança das circunstâncias".

Tiziana Lauretti reagiu às mudanças econômicas da agricultura adotando o que é chamado de "agricultura multifuncional", uma das táticas de sobrevivência que muitas pequenas operações na Europa hoje empregam, relatou o "Times".

Visitantes na propriedade de sua família perto de Pontinia, na Itália, vêm para ver uma série de animais domésticos, assim como dois pavões, ou para comprar geleia. Ela recebe estudantes "que nunca viram um ovo fora de um supermercado", disse ao "Times", ou que ficam com as mãos cheias de farinha assando uma pizza em um forno à lenha.

"Eu poderia ganhar a vida só vendendo morangos e ameixas", disse Lauretti ao "Times". "Ou você tem uma grande fazenda ou se diversifica, como nós fizemos."

Em um lugar como Rochester, Nova York, sobreviver significa encontrar um modo de substituir os empregos e o prestígio perdidos com a queda da Kodak, que declarou falência em 19 de janeiro. A empresa, cujo nome já foi sinônimo de imagens, mas perdeu o boom da fotografia digital que ajudou a inventar, empregava 62 mil trabalhadores em Rochester 30 anos atrás. Hoje são 6.200.

A metade desses empregados ainda trabalha para outras empresas em Rochester, muitas originárias da própria Kodak, usando técnicas que adquiriram lá.

Michael Alt, diretor do parque de escritórios hoje situado nos 500 hectares onde 30 mil funcionários da Kodak trabalhavam e onde alguns refugiados da Kodak hoje trabalham em outras empresas, disse que Rochester acreditava que poderia superar o fim de uma das gigantes industriais dos Estados Unidos.

"Quando a areia movediça chega ao seu pescoço, talvez você devesse estar procurando a corda, mas ela ainda não está lá", disse Alt ao "Times".

Porém, isso não significa que a pessoa vá deixar de procurá-la. TOM BRADY

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