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Como os sexos diferem ao classificar a dor

POR TARA PARKER-POPE

As mulheres sentem mais dor que os homens? Há muito tempo se sabe que certas condições relacionadas à dor, como fibromialgia, enxaqueca e síndrome de intestino irritável, são mais comuns em mulheres do que em homens. E a dor crônica depois do parto é surpreendentemente comum; o Instituto de Medicina de Washington descobriu que 18% das mulheres que têm partos cesarianos e 10% das que têm partos normais relatam sentir dor por um ano.

Mas novas pesquisas da Universidade Stanford, na Califórnia, sugerem que, mesmo quando homens e mulheres estão em condições iguais, as mulheres parecem sofrer mais dor.

Existe uma epidemia de dor crônica: no ano passado, o Instituto de Medicina estimou que ela aflige 116 milhões de americanos, muito mais do que se acreditava antes.

Mas essas últimas descobertas do que seria o maior estudo que já comparou os níveis de dor em homens e mulheres levantam novas questões sobre se as mulheres estão suportando uma carga desproporcional de dor crônica. Também sugerem a necessidade de mais pesquisa da dor relacionada aos gêneros.

O estudo, publicado recentemente na revista "The Journal of Pain", analisa dados de registros médicos de 11 mil pacientes, cujas notas de dor foram registradas como uma rotina do tratamento. (Para obter notas de dor, os médicos pedem para os pacientes descreverem a dor em uma escala de 0 a 10 - de "sem dor" à "pior dor imaginável".)

Os pesquisadores descobriram que as mulheres relatavam níveis mais altos de dor que os homens. Para dor nas costas, as mulheres deram uma nota de 6,03, e os homens, 5,53. Para dor nas juntas, as mulheres deram 6,0 e os homens, 4,93.

Para vários diagnósticos, a nota média de dor das mulheres foi pelo menos 1 ponto maior que a dos homens, o que se considera uma diferença clinicamente significativa. Em geral, seus níveis de dor eram cerca de 20% mais altos que os dos homens.

Infelizmente, os dados não oferecem pistas quanto ao motivo de as mulheres sentirem níveis de dor maiores.

Uma possibilidade é que os homens tenham sido criados para ser mais estoicos. Mas o principal autor do estudo, doutor Atul Butte, professor associado na Escola de Medicina de Stanford, disse que a explicação provavelmente não leva em conta a diferença de gêneros.

O motivo para a falta de informação sobre as diferenças entre sexos é que muitos estudos da dor, tanto em animais como em humanos, são feitos somente com seres masculinos. Além disso, experimentos que testaram a dor em homens e em mulheres mostraram que eles geralmente têm limites diferentes para vários tipos de dor.

Em geral, as mulheres relatam níveis de dor mais altos de pressão e estímulo elétrico, e menos dor quando a fonte é calor. Alguns pesquisadores acreditam que a experiência da dor para as mulheres pode até ser mais complexa.

A conclusão final, segundo o doutor Butte, é que se conhece muito pouco sobre como os homens e as mulheres experimentam a dor e que há necessidade de mais estudos para que finalmente o tratamento da dor possa ser personalizado para cada paciente.

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