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Desastre inspira ferramentas para crises

POR NICOLE LAPORTE

Quando o terremoto e o tsunami atingiram o norte do Japão em março passado, a casa de Shoji Tanaka não sofreu grandes danos. Mas ele trabalhou como voluntário na área do desastre, doando roupas.

A experiência foi um incentivo para Tanaka, um inventor que é presidente da companhia de engenharia japonesa Cosmo Power. "Ela me incentivou a trabalhar duro para terminar o Noah", diz.

Noah é a versão de Tanaka da arca de Noé para os tempos modernos, sua resposta para a possibilidade de outro tsunami mortal. Um globo amarelo de 1,2 metro de diâmetro -parece uma bola de tênis gigante-, Noah é feito de plástico reforçado com fibra, capaz de suportar golpes de marreta.

Até quatro pessoas cabem no casulo, que automaticamente se posiciona na vertical quando submerso na água e pode suportar uma queda de 10 metros.

Tanaka desenhou seu casulo como um "refúgio temporário", ele disse, para que em um tsunami as pessoas possam entrar nele e ser carregadas pela água durante uma ou duas horas, até que chegue o socorro. Pequenos dutos de ar tornam possível respirar, e há uma pequena janela.

O produto já está no mercado - é vendido por US$ 3.800. Tanaka diz que clientes japoneses já encomendaram mais de mil casulos.

A tragédia que as pessoas presenciaram no ano passado no Japão, combinada com inadequações no preparo do país, levou alguns dos maiores cérebros japoneses a encontrar inovações para enfrentar futuras catástrofes.

Yoshiyuki Sankai, um professor de engenharia na Universidade de Tsukuba, perto de Tóquio, se inspirou a atualizar uma de suas invenções depois do tsunami.

Ele adaptou seu Hybrid Assistive Limb, ou HAL - um exoesqueleto robótico da parte inferior do corpo -, para ajudar pessoas a trabalhar em locais contaminados com radiação.

O HAL original, lançado em 2008, ajuda pacientes que não podem andar monitorando os sinais enviados do cérebro para os músculos. Os sensores de HAL captam esses sinais e basicamente caminham pela pessoa.

O doutor Sankai já estava trabalhando em outras utilidades para o HAL quando recebeu uma ligação no último verão de uma empresa envolvida na limpeza da usina nuclear de Fukushima Daiichi, local do acidente nuclear causado pelo tsunami. O HAL poderia ajudar os trabalhadores que tinham de usar roupas de tungstênio antirradiação incrivelmente pesadas?

No novo modelo, uma estrutura para a parte superior do corpo sustenta as placas de tungstênio, que podem pesar até 60 quilos. "Agora o trabalhador não sente qualquer peso", disse.

O último tsunami não foi o único desastre que inspirou revoluções. Depois de presenciar as consequências do terremoto e do tsunami na Tailândia no fim de 2004, Hidei Kimura ficou perturbado pela ruptura das comunicações na região.

"Devido ao tráfego pesado, os celulares se tornaram inúteis", disse. "Não havia como acessar informações de emergência."

Como presidente da Burton Inc., uma empresa japonesa especializada em aparelhos 3D, Kimura teve uma ideia: "Se a informação textual pudesse ser traçada no ar [sem a necessidade de uma tela] muito mais pessoas poderiam vê-la e ter acesso a informação valiosa", afirmou.

O resultado é a Aerial 3D, que usa raios laser para criar texto com pequenos pontos luminosos que podem ser usados para transmitir mensagens no ar durante um desastre. A tecnologia já está disponível para aluguel através da Burton, que ainda a está aperfeiçoando.

Segundo ele, fora a utilidade prática, as pessoas estão intrigadas com sua criação em um nível menos sério: "Elas dizem que é igual a 'Guerra nas Estrelas'".

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