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Abordagens diferentes na busca da inovação

Por STEVE LOHR

Na busca por inovação, o caminho tênue para o crescimento e para a prosperidade corporativa, experimente um pouco de jazz como metáfora inspiradora, diz John Kao, um assessor de inovação para empresas.

O jazz, segundo Kao, demonstra algumas das tensões na inovação, entre treinamento/disciplina e criatividade improvisada. Nos negócios, assim como no jazz, a interação desses dois lados, o yin e o yang da inovação, é o combustível de novas ideias.

Kao, que também é um pianista de jazz, aponta os modelos de inovação muito diferentes representados pelo Google e pela Apple, duas usinas de força do Vale do Silício, o epicentro mundial da criatividade corporativa.

O modelo do Google conta com experimentação rápida e dados. A companhia constantemente refina sua busca, seu mercado de publicidade e seu e-mail, dependendo de como as pessoas usam suas ofertas on-line. Ela adota uma abordagem de baixo para cima: os clientes são participantes, tornando-se parceiros no projeto dos produtos.

O modelo da Apple é mais editado, intuitivo e de cima para baixo. Quando perguntado que pesquisa de mercado entrava no design dos elegantes produtos da empresa, Steve Jobs tinha uma resposta rápida: nenhuma. "Não é função dos consumidores saber o que eles querem", acrescentava. A comparação entre o Google e a Apple, diz Kao, salienta a "tensão arquetípica no processo criativo".

O Google fala do poder da tomada de decisões movida por dados, da experimentação online e da comunicação em rede. As mesmas ferramentas da era da internet permitem a colaboração entre muitas fontes, assim como o teste rápido de ideias e produtos -a essência do método da novata enxuta. Os benefícios são aparentes em mercados como software de internet, comércio on-line e aplicativos para smartphones e tablets.

Mas as ideias inovadoras ainda vêm de indivíduos, e não de comitês. "Não há nada democrático na inovação", diz Paul Saffo, um veterano em previsão de tecnologia no Vale do Silício. "Sempre é uma atividade de elite, seja de uma elite reconhecida ou não reconhecida."

Os laboratórios da General Electric estão tentando acelerar o ritmo da inovação -mas esta é inovação de ciclo longo, já que os geradores de energia, motores a jato e equipamentos de imagens médicas da GE duram décadas. A GE está abrindo um centro de software na Califórnia para tornar suas máquinas mais inteligentes com sensores de coleta de dados, comunicações sem fio e algoritmos de previsão.

O objetivo é desenvolver máquinas como motores a jato ou turbinas de energia capazes de alertar seus responsáveis quando precisarem de reparos, antes que os equipamentos falhem. A GE trabalha com corporações, laboratórios de governos e universidades em centenas de projetos colaborativos.

Os smartphones, tablets e computadores da Apple geralmente têm períodos de vida medidos em alguns anos, em vez de décadas, e novos modelos são lançados regularmente. Mas, assim como a GE, a Apple está no negócio de hardware, onde os ciclos de inovação dependem dos limites da ciência dos materiais e da manufatura.

O mundo físico da Apple é muito diferente do reino de software do Google, onde escrever novas linhas de código pode mudar um produto instantaneamente. A fusão cuidadosa de hardware com software nos produtos populares da Apple é um desafio em projetos de sistemas multidisciplinares, que devem ser orquestrados por um regente -embora não seja mais Jobs, que morreu em outubro passado.

A Apple também demonstrou diversas vezes sua abertura a novas ideias e influências, como exemplifica a visita que Jobs fez ao centro de pesquisa da Xerox em Palo Alto em 1979. Ele viu um computador experimental com um mouse de apontar e clicar e ícones gráficos na tela, que ele adotou na Apple. Tornou-se o padrão para a indústria de computadores pessoais.

Apple e Google seguem caminhos diferentes para a inovação, mas a lacuna entre seus dois modelos está diminuindo. Após Larry Page, o cofundador do Google, assumircomo presidente em abril passado, a empresa eliminou duas dúzias de projetos, um sinal da liderança de cima para baixo. E Timothy D. Cook, o presidente da Apple, provavelmente será um líder mais de baixo para cima que Jobs.

"O que provavelmente veremos são Google e Apple cada qual pegando emprestado do manual do outro", diz Kao.

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