Índice geral New York Times
New York Times
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

A energia solar e seus limites

Novas usinas solares forneceriam energia de noite

Por MATTHEW L. WALD

Para que a energia solar seja importante um dia, a indústria precisa superar um grande obstáculo, dizem especialistas: encontrar uma maneira de armazená-la para ser usada quando o sol não estiver brilhando.

Esse desafio parece estar criando uma brecha para uma forma de energia diferente, a térmica solar, que gera eletricidade usando o calor do sol para ferver água. A água pode ser usada para esquentar o sal, que armazena a energia para mais tarde, quando o sol se põe e as residências ligam seus equipamentos e ar-condicionados nas horas de pico.

Duas empresas da Califórnia planejam usar a tecnologia de armazenagem: a SolarReserve, que está construindo uma usina no deserto de Nevada que deverá começar a funcionar em 2013, e a BrightSource, que projeta três usinas na Califórnia para entrar em operação em 2016 e em 2017.

Juntos, os quatro projetos serão capazes de abastecer de eletricidade milhares de residências durante uma noite de verão.

Google, Chevron e Good Energies estão investindo nessa tecnologia, e as empresas NV Energy e Southern California Edison já assinaram contratos de longo prazo para comprar energia dessas usinas radicalmente novas.

Uma das funções das usinas será complementar os painéis solares, que produzem eletricidade diretamente da luz do sol. Quando os painéis são recolhidos ao anoitecer ou em dias nublados, as usinas entrarão em ação, aproveitando a energia armazenada.

Esse trabalho se tornará mais importante se os painéis foto sensíveis, cujo preço despencou ultimamente, se tornarem ainda mais baratos e brotarem em milhões de telhados. Enquanto a rede começa a depender cada vez mais de painéis solares ou turbinas de vento, ela precisará de outras fontes de energia que possam ser utilizadas para equilibrar o sistema -de preferência, as chamadas de renováveis.

O Departamento de Energia dos EUA deu em setembro à SolarReserve um empréstimo de US$ 737 milhões para seu projeto em Nevada. A usina vai gerar 110 megawatts no horário de pico e armazenar calor para funcionar por até dez horas quando não houver sol direto.

A opinião do público americano sobre empréstimos para projetos solares azedou um pouco desde a falência da Solyndra, empresa de painéis solares que recebeu um empréstimo de US$ 535 milhões. A energia solar fornece menos de 1% da energia usada nos EUA. Mas a previsão sempre foi mais clara para companhias de eletricidade, que, ao contrário dos módulos solares, geralmente são pré-vendidas por contrato.

As usinas SolarReserve e BrightSource vão usar milhares de espelhos do tamanho de cartazes, operados por computador, que dirigirão a luz do sol para uma torre que absorve calor.

A SolarReserve absorve o calor em sal derretido, que pode ser usado para ferver água, gerando vapor que movimenta uma turbina e um gerador.

O sal quente também pode ser usado para reter o calor durante muitas horas. A BrightSource aquece a água que pode ser usada imediatamente como vapor ou que pode ser usada a fim de aquecer o sal para estocagem.

O caminho mais simples para a energia térmica solar é transformar o calor em eletricidade imediatamente. Mas as companhias apostam que, em termos de receita, a hora em que a energia é entregue será mais importante do que a quantidade gerada.

A capacidade de produzir energia está se tornando mais importante conforme a energia renovável se torna uma parte cada vez maior das matrizes energéticas.

O vento e o sol fornecem muita energia, mas não muita capacidade. Hoje a capacidade de apoio (backup) para energia eólica e solar vem na forma de caros geradores movidos a gás, que ficam inertes na maior parte do ano, mas operam quando o vento para de soprar ou o sol de brilhar.

A estocagem poderá cortar em US$ 0,04 os custos por kilowatt/hora, disse Paul Denholm, um especialista solar no Laboratório Nacional de Energia Renovável em Golden, Colorado -um benefício considerável para uma matéria-prima que é vendida em média por US$ 0,11. Uma grande parte da economia é não precisar construir os geradores movidos a gás para backup.

John Woolard, presidente da BrightSource, disse que o principal objetivo seria produzir eletricidade quando as empresas distribuidoras mais precisam.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.