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O encontro do estilo street com o chique

Cantora com pose e estilo ousado vindos do Harlem

Por JOHN ORTVED

A rapper Azealia Banks, 20, do Harlem, é boca-suja. Poucas linhas e nenhum verso de "212", sua canção de grande sucesso, poderiam ser reproduzidos em um jornal.

Filmado em preto e branco diante de um muro de tijolos, o vídeo da canção já foi visto mais de 3 milhões de vezes no YouTube. O destaque é para a batida, que remete ao reggae, a letra e, o que talvez seja o que mais chama a atenção, o estilo da cantora.

No vídeo, Azealia está de marias-chiquinhas, com jeans cortados e com camiseta vintage do Mickey. E podemos esperar que ela e seu misto de cool e irreverência agressiva do Harlem sejam reinterpretados em muitas revistas de moda.

Ela já foi clicada pela dupla fotográfica holandesa de Inez van Lamsweerde e Vinoodh Matadin para a revista "V", por Matt Irwin para a "GQ" e por Nicola Formichetti para a "Elle".

Seu visual, um misto de street e chique, parece agradar aos estilistas. Formichetti, da Mugler, tocou uma faixa de Azealia Banks, "Bambi", no seu desfile de moda masculina na Semana de Moda de Paris, em janeiro, e está dirigindo o vídeo do próximo single da cantora, "Licorice".

Não surpreende que alguns blogueiros de moda já a estejam descrevendo como a próxima Nicki Minaj. Diferentemente desta, porém, Azealia ainda tira sua inspiração das ruas.

"A vida é a mesma", diz. "Seria a mesma coisa se eu ainda estivesse trabalhando no Starbucks, tendo que enfrentar um gerente e um gerente de turno. Isso daqui é um trabalho."

Azealia Banks cresceu no Harlem. Apresentar-se em público sempre foi sua paixão. Ela estudou em escolas particulares e católicas no Harlem e no colégio Fiorello H. LaGuardia de Música e Artes Cênicas.

Essa escola mudou sua vida, artística e estilisticamente. Além disso, não exigia que ela usasse uniforme escolar. "Foi quando descobri a Urban Outfitters, mas as coisas dela são tão caras", comenta. "Então eu ia à Forever 21 e às lojas espanholas, montava meu look e fazia com que parecesse bacana."

Até hoje, ela ainda revela o bairro de onde veio em suas roupas (e nos sapatos). "Uso muitas roupas que vão sujar e que ficarão bacanas quando estiverem sujas."

Azealia adotou um enfoque semelhante no rap, que começou a fazer depois de tentativas fracassadas de atuar. Com o dinheiro que ganhou trabalhando no Starbucks, ela pagou US$ 30 por hora para gravar faixas em um estúdio montado no quarto. Seu uso prolífico de palavrões e o jogo inteligente de palavras já se evidenciaram em algumas de suas primeiras faixas, como "Gimme a Chance".

Em 2009, ela abandonou o colégio e fechou contrato com a gravadora XL Records, de Londres, mas suas primeiras faixas não decolaram. Um ano mais tarde, estava à procura de um novo selo, quando conheceu Mike DeFreitas, um empresário de Montreal. DeFreitas dirigiu uma mixagem de "212" própria para clubes e promoveu a canção em rádios em Londres. A faixa foi incluída na Lista Cool 2011 da "NME" e na lista das dez maiores faixas de 2011 da "Pitchfork".

O tom agressivo de "212" é palpável na batida e também na letra grosseira, na qual Azealia Banks afirma seu domínio sobre um adversário homem. Ela se considera bissexual, mas diz: "Não estou querendo ser a rapper bissexual, lésbica. Não vivo segundo as formulações de outras pessoas".

Agora sua fama incipiente lhe valeu um contrato com a Universal Music. Ela pretende lançar seu primeiro álbum neste ano.

Azealia encara tudo sem nervosismo. "Saí do armário há três anos", diz. "E já rodei bastante."

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