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TENDÊNCIAS MUNDIAIS

EUA veem risco em ataque militar à Síria

Autoridades alertam para custo civil de ação contra Assad

POR ELISABETH BUMILLER

WASHINGTON - Apesar dos crescentes apelos para que os Estados Unidos ajudem a interromper o derramamento de sangue na Síria, altos funcionários do Pentágono estão intensificando os alertas de que uma intervenção militar seria uma operação difícil e demorada, exigindo pelo menos algumas semanas de ataques aéreos exclusivamente americanos, com potencial para matar um grande número de civis.

As autoridades dizem que a Síria é um problema muito maior do que a Líbia, onde no ano passado centenas de aviões da Otan lançaram 7.700 bombas e mísseis, numa campanha que durou sete meses.

Embora os Estados Unidos tenham capacidade para realizar ataques aéreos em série na Síria, funcionários da Defesa se dizem preocupados com quatro desafios: os riscos no ataque às abundantes e sofisticadas defesas antiaéreas sírias, de fabricação russa; armar uma oposição síria fragmentada; o potencial para iniciar uma guerra indireta com o Irã ou a Rússia, dois aliados cruciais da Síria; e a falta de uma coalizão internacional disposta a tomar medidas contra o governo de Bashar Assad.

Um alto funcionário da Defesa disse que mesmo a criação de "refúgios" para proteger os civis dentro da Síria já seria uma operação tão complexa que os planejadores militares estariam "considerando tropas terrestres dos EUA" para ajudar a estabelecê-las, caso Washington se decida por esse caminho.

O planejamento foi feito porque o presidente Barack Obama solicitou opções militares preliminares ao Pentágono, embora o governo ainda creia na pressão política e econômica para conter a repressão cometida pelo governo de Assad contra os sírios. As opções sob análise incluem transporte aéreo humanitário, monitoramento naval e o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea.

O senador John McCain e alguns outros políticos republicanos continuam argumentando que os EUA têm a responsabilidade de se envolver na rebelião síria. "Quantos mais precisam morrer?", disse McCain numa audiência neste mês no Senado, referindo-se aos, segundo a ONU, 8.000 mortos em um ano de rebelião.

Autoridades de Defesa e inteligência dizem que as defesas aéreas integradas da Síria são não só mais avançadas que as da Líbia, como também estão instaladas em áreas densamente povoadas, o que implica a provável morte de civis nos arredores, mesmo em bombardeios de precisão.

Militares e funcionários de inteligência dizem que a oposição a Assad continua dividida em até cem grupos. As autoridades cogitam oferecer assistência técnica à oposição, possivelmente incluindo equipamentos de comunicação, mas não têm um grupo coeso com o qual trabalhar.

Uma grande preocupação do Pentágono é o Irã. Fontes militares e de inteligência dizem que o Teerã recentemente abasteceu a Síria com armas leves, granadas de propulsão e especialistas de alto escalão para ajudarem o governo de Assad a suspender a internet e as redes sociais.

Ao mesmo tempo, a Rússia é um importante fornecedor de armas para a Síria, e mantém uma base naval no porto sírio de Tartus.

Funcionários do governo dizem que continuam preocupados com as armas químicas e biológicas da Síria e que estão discutindo com aliados sobre como protegê-las.

"Não estou dizendo que, se elas ficarem desprotegidas, automaticamente alguém as agarrará e as usará", disse o chefe do Comando Central das Forças Armadas americanas, general James Mattis. "Elas podem acabar se fritando sozinhas. Mas acho que será preciso um esforço internacional quando Assad cair e ele vai cair, para proteger essas armas."

Colaborou Eric Schmitt

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