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Apostando no selo Broadway

Por PATRICK HEALY

Por que os musicais "Godspell", "Sister Act" e "Priscilla Queen of the Desert" continuam na Broadway?

As bilheterias dos três variaram entre mornas e péssimas no inverno americano que acaba de terminar e cada espetáculo já enfrentava críticas ambíguas. É uma combinação mortífera que normalmente leva produtores a encerrar espetáculos.

Esses musicais continuam, porém, em função das considerações comerciais da Broadway moderna: o desejo dos proprietários de teatros de conservar suas casas lotadas e a crença de produtores de que poderão negociar contratos melhores para turnês de musicais que ainda podem se dizer sucessos na Broadway.

"Os produtores só têm duas decisões importantes: quais projetos fazer e quando encerrar um espetáculo. E a decisão sobre quando encerrar é de longe a mais difícil", disse Emanuel Azenberg, produtor veterano, premiado com o Tony. "Ninguém quer encerrar uma produção. E sempre há a esperança de que o movimento aumente no verão."

"Sister Act", em cartaz há quase um ano, é o musical que se encontra em pior situação financeira dos três, segundo numa análise dos dados das bilheterias e entrevistas com executivos envolvidos com a produção e com agências de ingressos que trabalham com vendas em grupo. Inspirado no filme "Mudança de Hábito", de 1992, estrelado por Whoopi Goldberg no papel de uma cantora que se esconde entre freiras num convento, rende em média US$ 550 mil por semana desde janeiro. Seus produtores dizem que ganharam e perderam dinheiro em diferentes semanas, fato que indica que o custo semanal para que o espetáculo se pague é uma cifra média de seis algarismos. Os produtores se negaram a informar o número exato.

Mas "Sister Act" conta com um benfeitor incomum: um de seus produtores principais é um bilionário holandês do entretenimento, Joop van den Ende, cuja firma Stage Entertainment vem montando e planejando produções de "Sister Act" na Europa, na Ásia e na Austrália. Executivos ligados ao espetáculo disseram que Van den Ende acredita piamente na produção da Broadway e quer que ela continue em cartaz, em parte para contar com esse selo de aprovação para seu marketing no exterior.

"Todos nós achamos que é importante fazer com que "Sister Act" seja um sucesso na Broadway, porque isso ajudaria a garantir vida mais longa para o musical", comentou Bill Taylor, um dos produtores de "Sister Act".

"Priscilla" também conta com a vantagem de produtores bem relacionados: não apenas Bette Midler faz parte do time, como James L. Nederlander é o produtor principal e um dos proprietários do teatro em que o musical é apresentado, o Palace.

Nederlander e os outros produtores reduziram os pagamentos de royalties e alguns dos custos não salariais. O espetáculo, por sua vez, vem rendendo em média US$ 600 mil por semana e seus custos semanais típicos são um pouco inferiores, segundo Garry McQuinn, um dos produtores.

"Tivemos um mês de março difícil, e janeiro e fevereiro não foram fantásticos, mas as vendas antecipadas de ingressos estão começando a crescer e o enxugamento prudente do orçamento nos deixou com uma base melhor", disse o produtor.

O terceiro musical de bilheteria fraca, um revival do sucesso de 1971 "Godspell", conseguiu sobreviver ao inverno porque seus custos são baixos. O espetáculo vem rendendo em média US$ 315 mil por semana, mais ou menos 40% da arrecadação máxima em seu teatro, o Circle in the Square.

Geralmente, musicais perdem dinheiro quando não conseguem atingir pelo menos 50% da arrecadação máxima, mas Ken Davenport, produtor chefe de "Godspell", disse que tem conseguido manter os custos semanais do show entre US$ 250 mil e US$ 300 mil, graças ao elenco e à orquestra pequenos e à simplicidade dos figurinos e dos cenários.

"Nós nos vemos como uma produção nova que as pessoas ainda estão descobrindo", disse Davenport, observando que "Godspell" abriu em novembro, enquanto os outros dois musicais estrearam na temporada 2010-2011. "Teremos muita concorrência das produções novas nesta primavera, mas achamos que há um público maior aí fora para 'Godspell'."

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