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Orquestras são afastadas do palco

Por PATRICK HEALY

Sete músicos comprimidos lado a lado no teatro Lucille Lortel às 20h05 de um sábado começaram a tocar as primeiras notas do musical "Carrie", enquanto os atores subiam ao palco, dois andares abaixo.

Era música por controle remoto: uma orquestra tocando não desde o fosso tradicional, situado entre a plateia e o palco, mas a partir de uma sala distante ou até mesmo um prédio separado. A proposta agrada a alguns produtores porque lhes permite vender mais ingressos caros dos melhores lugares ou então utilizar o espaço que era do fosso para montar cenários maiores e mais complexos. E a tecnologia lhes abre essa possibilidade.

A comunicação é feita através de alto-falantes e monitores de TV. Às vezes, é um desafio.

No caso de "Carrie", o regente daquela noite, Paul Staroba, esperou que uma luz vermelha piscasse ao lado do teclado de seu piano, indicando o início do primeiro ato. "Ok, vamos lá", gritou. Logo acima da luz, um monitor mostrava em preto e branco o palco do Lortel, onde começavam a surgir as figuras pouco nítidas dos atores. A qualidade do vídeo não deixava eles verem os movimentos precisos dos lábios, mas os músicos tinham ensaiado por semanas para conhecer cada batida das canções, mesmo sem deixas visuais.

"Só podemos torcer para termos um som bom", disse Staroba durante uma pausa entre canções. "A gente sente falta de ouvir os atores respirando a poucos metros de nós, de perceber quando eles vão começar e terminar cada canção. Mas, como faço isto em oito apresentações por semana, acho que vamos acertar a música muito bem com o elenco."

Mesmo assim, não é exatamente glamoroso.

O musical "Spider-Man: Turn off the Dark" custou US$ 75 milhões, o orçamento mais alto da Broadway, mas seus 18 músicos ocupam espaços que estão entre os piores da cena teatral: a banda foi dividida em dois grupos, que tocam em salas sem janelas no subsolo do teatro Foxwoods. A supervisora musical do espetáculo, Kimberly Grigsby, rege os guitarristas, baterista e tecladista em uma sala, com duas câmeras pequenas presas a seu pódio; em outra sala a sete metros de distância, os músicos da orquestra observam a imagem dela em telas pequenas.

Os críticos de teatro e o público não têm reclamado da ausência dos músicos dos dois espetáculos, mas o sindicato de músicos de teatro de Nova York faz críticas acirradas aos métodos de mixagem de som usados.

"De maneira alguma a qualidade do som é tão boa quando é transmitida por amplificadores", disse Tino Gagliardi, presidente da Federação Americana de Músicos. "Pelo fato de não ver a cabeça do regente no fosso ou de não ver o próprio fosso, o público pode ficar na dúvida se a música está sendo tocada ao vivo ou se simplesmente é gravada."

Zane Carney, um dos guitarristas de "Spider-Man", disse que gosta do subsolo, relativamente espaçoso. Quando tocava no fosso, era obrigado a tocar em pé. "Meu ego gostava de estar no palco", comentou, "mas minhas costas preferem que eu fique sentado no subsolo."

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