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Quanta aspirina por dia basta?

POR RONI CARYN RABIN

Mais de 40 milhões de americanos tomam uma aspirina por dia para evitar doenças cardíacas. E muitos outros já estão pesando os prós e os contras do uso da aspirina diária, à luz de novos estudos que mostram que ela também pode reduzir o risco de câncer.

Seis meses atrás, Vanessa Brannan, 31, mãe de dois filhos, soube que tinha câncer de cólon e síndrome de Lynch, uma condição hereditária que aumenta o risco dessa doença e de outros cânceres. Em um estudo no Reino Unido, pacientes com síndrome de Lynch que tomaram aspirina durante dois anos reduziram pela metade o risco de câncer de cólon.

Mas os médicos ainda não sabem quanta aspirina esses pacientes -ou qualquer pessoa- devem tomar. Brannan está tomando 325 miligramas por dia, mas os pacientes do estudo britânico receberam quase o dobro. Seu oncologista recomendou uma aspirina para bebê de 81 mg. "Nós decidimos colocar tanta aspirina em mim quanto pudermos, sabendo que quantidades maiores provaram que dão certo", disse ela.

Brannan não é a única que luta com a incerteza. O estudo sobre a aspirina diária e seus efeitos sobre o câncer ainda está na infância. Em pesquisas, os participantes receberam doses que variam de 75 mg a 1.200 mg por dia.

Hoje alguns cientistas pensam que doses baixas podem funcionar se forem tomadas todos os dias. Testes clínicos feitos nos Estados Unidos de ingestão de aspirina em dias intercalados não mostraram qualquer efeito sobre o câncer.

O interesse renovado pela aspirina foi despertado por estudos na Universidade de Oxford, publicados no mês passado na revista "The Lancet", que descobriram que depois de apenas três anos de uso diário de aspirina o risco de desenvolver câncer foi reduzido em quase 25%. Durante seis anos e meio em média, a aspirina diária reduzia o risco de metástase em 36% e o risco de câncer, incluindo de cólon e de próstata, em 46%.

Os estudos descobriram grandes reduções em cânceres de cólon e esôfago e sugeriram a prevenção de outros cânceres. Acredita-se que o mecanismo seja a supressão da inflamação pela aspirina, que teria uma atuação no câncer e sua inibição da COX-2, enzima que ajuda os tumores a crescer.

Especialistas se preocupam com a aspirina porque ela aumenta o risco de sangramento gastrointestinal e úlcera. Segundo os Arquivos de Medicina Interna, para cada 162 pessoas que tomam aspirina a droga evitou um infarto, mas causou dois episódios sérios de sangramento.

"Esses estudos podem não ser perfeitos, mas podemos fazer um estudo de 15 anos para responder a isso", disse o Scott Kopetz, médico no Centro de Câncer M.D. Anderson em Houston, Texas. "Ou questionamos: 'Estes dados são realmente bons e importantes, precisamos levar isto em consideração para o indivíduo que pode correr risco de câncer?'".

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