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No Texas, casas menores que podem dispensar a rede elétrica

Por KARRIE JACOBS

AUSTIN, Texas - Minnie J. Chapa, bisavó e orgulhosa locatária de uma casa em estilo minimalista quase nova, disse que os antigos vizinhos de um conjunto de chalés a leste do centro da cidade onde ela morou por quase 50 anos costumam lhe perguntar: "Você mora lá nas caixas de fósforo?"

A descrição do novo loteamento onde Chapa vive hoje é ao mesmo tempo precisa e injusta.

As casas são mesmo pequenas pelos padrões americanos (variam de 96 m² a 168 m²). Mas o tamanho reduzido é compensado pela inclinação para o céu dos telhados em "asa de borboleta", em ângulo para conter painéis fotovoltaicos e canalizar a água da chuva para barris.

A SOL (sigla de Solutions Oriented Living) foi desenvolvida pelo arquiteto Chris Krager e o engenheiro civil Russell M. Becker.

A comunidade pretende ser "zero líquido" -em outras palavras, produzir toda a energia que consome, com casas supereficientes, equipadas de painéis solares e poços geotérmicos. Krager disse que o plano era "pegar todos os nossos interesses como firma de projetos e colocá-los em um protótipo". Ele disse que quis "examinar a sustentabilidade em um nível mais holístico, que não apenas visasse prédios verdes, mas nosso interesse por acessibilidade, pelos componentes econômicos e sociais da sustentabilidade".

A sustentabilidade holística se mostrou mais difícil de alcançar do que Krager e Becker previam. A dupla passou seis meses buscando janelas com eficiência técnica, insolação de espuma, equipamentos Energy Star e bombas de calor frugais para aquecimento e refrigeração.

As casas foram projetadas para cumprir as diretrizes do Departamento Federal de Energia para construção "zero líquido", usando 55% menos energia que uma casa típica (por volta de 2006). E todas elas são construídas com materiais verdes.

Mas a recessão, segundo os sócios, tornou impossível realizar a agenda "zero líquido". O financiamento secou e perfurar 40 poços geotérmicos não era possível.

"Eu gostaria de ter exigido os painéis fotovoltaicos", disse Krager. Mas os compradores muitas vezes não podiam ou não desejavam incluir o custo (US$ 24 mil a mais para energia suficiente para uma casa) em suas hipotecas.

Para as casas do loteamento, com preço de mercado, a energia solar tornou-se uma opção. Os donos das casas instalaram os painéis com o passar do tempo, quando se tornaram disponíveis descontos e créditos fiscais. Uma também é aquecida e resfriada por um poço geotérmico.

As casas são pequenas, mas no interior são espaçosas e bem iluminadas. Geralmente, há uma cozinha aberta, um corredor com uma escrivaninha embutida, armários generosos e áreas de armazenamento bem disfarçadas. As janelas alongadas maximizam a iluminação diurna enquanto mantêm um ganho de calor mínimo.

Aparentemente, pelo menos, o SOL parece um loteamento típico. Mas os lotes são menores e cada casa é posicionada para maximizar o uso do que Krager chama de "espaço de qualidade ao ar livre".

"Eu o sinto como uma parte da casa", disse Sandra Barry, 29, que divide a casa de 101 m² com seu marido, James McNown, 26.

"Nós nos apaixonamos por ela assim que vimos o projeto", disse McNown. Neste ano, eles gastaram apenas US$ 13 por mês com eletricidade.

Enquanto Krager e Becker não conseguiram exatamente construir uma subdivisão que funcione como usina energética, eles criaram um novo tipo de subúrbio.

Lucia Athens, diretora de sustentabilidade da cidade, notou que como o Texas é "uma sociedade dominada por carros", e nem todo mundo quer morar no centro, uma versão verde do "protótipo suburbano", uma que "pareça familiar", poderá ser muito valiosa.

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