Índice geral New York Times
New York Times
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Lente

Com mais imagens, menos palavras

Com a venda do serviço de compartilhamento de fotos Instagram, as imagens valem US$ 1 bilhão. E as palavras? Elas começam a valer cada vez menos

Uma projeção semelhante a um holograma de Tupac Shakur foi apresentada para fãs atônitos no Festival de Artes e Música de Coachella Valley, na Califórnia, e o Facebook comprou o Instagram, o serviço de compartilhamento de fotos por US$ 1 bilhão no mês passado. Enquanto isso, a falta de um Prêmio Pulitzer na ficção pela primeira vez em 35 anos e acusações de cartel no negócio de livros eletrônicos agitaram o mundo das letras recentemente.

O que aconteceu com as palavras e o texto no mundo visual?

Transformaram-se em acessórios. O livro virou uma carteira carregada por pessoas como a atriz Chloë Sevigny e outros "fashionistas" que realmente querem ser julgados por suas capas. A estilista francesa Olympia Le-Tan criou bolsas bordadas de US$ 1.500 que parecem capas de livros de mestres da literatura, como Kafka, Molière e Dickinson.

O texto está perdendo o poder entre um público faminto por imagens que constantemente busca, publica e republica fotos. "Todo mundo está em um processo de montanha-russa no arquivamento da linguagem de imagens", disse ao "Times" o fotógrafo Thomas Struth.

E na ascensão da web visual tudo tem a ver com imagem, como mostram o Tumblr, o Timeline do Facebook e o Instagram.

"A fotografia em si, até uma artisticamente manipulada, tornou-se tão barata e comum que não tem mais grande valor", escreveu Karen Rosenberg no "Times". "Mas a experiência de compartilhá-la sim e é o que o Facebook quer incentivar."

É nisso que se baseia o Pinterest, hoje o terceiro site de mídia social mais popular, depois do Facebook e do Twitter. Os usuários compartilham imagens obtidas em toda a web "pregando-as", criando painéis de mensagens virtuais baseados em temas como comida, decoração, viagem e moda. As palavras são raras.

"Pinterest está criando uma espécie de meritocracia do que é visualmente atraente", disse ao "Times" Andrew Lipsman, da empresa de pesquisas comScore.

Empresas orientadas para o visual incorporaram o site como uma ferramenta de marketing. Está planejando uma reforma em casa? Percorra as "Lavanderias Adoráveis" da revista Better Homes and Gardens. Comerciantes on-line como Gilt Home usam o site. Blake Cahill da Banyan Branch, uma agência de publicidade na mídia digital que administra a página da Gilt Home, disse que as imagens estão substituindo palavras quando se trata de mídia social. "Todo mundo é um voyeur", disse ela ao "Times".

E como não ser, quando todo mundo está na tela o tempo todo? A conversa com vídeo tornou-se uma parte normal da vida, para namoros on-line, entrevistas, conversar com parentes no Skype ou uma videoconferência de trabalho. E você notou que parece rechonchudo? Seu rosto e pescoço estão flácidos? Por US$ 10 mil, o FaceTime Face-Lift, que leva o nome da popular função do iPhone, pode consertar isso.

O doutor Robert K. Sigal, um cirurgião plástico da Virgínia, diz que seu procedimento pode ajudar as pessoas a parecerem mais jovens nos chats com vídeo, reduzindo as papadas, mas sem deixar uma cicatriz sob o queixo. Cerca de um quarto dos cem pacientes de lifting facial que ele tem por ano citaram sua aparência nas webcams como motivo para fazer uma cirurgia plástica.

"Na época em que você apenas batia papo com as pessoas, não importava se estava com brócolis nos dentes", disse ao "Times" Rosalind W. Picard, professora no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. "Hoje a câmera mostra todas as coisas horríveis."

ANITA PATIL

Envie comentários para nytweekly@nytimes.com

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.