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Buscando novas fronteiras atrás de negócios

Por CONRAD DE AENLLE

A dificuldade de investir no próximo grande sucesso é que muitas vezes ele só é reconhecido depois que se torna um grande sucesso atual. Antes de sua chegada, tende a ser considerado algo arriscado demais, que não justifica o investimento.

Os gerentes de carteiras de mercados emergentes são especializados em descobrir o próximo grande sucesso. Mas depois da transformação de muitas economias da Ásia e da América Latina nas últimas duas décadas e dos fortes retornos e popularidade de seus mercados, o que restou para se descobrir?

Que tal as Bolsas da África, do Oriente Médio e de países como Vietnã, Bangladesh e Sri Lanka, onde a mão de obra é mais barata que em outros lugares da Ásia? Os investidores que se concentram no mundo em desenvolvimento afirmam que muitos desses chamados mercados de fronteira, especialmente na África, oferecem oportunidades semelhantes aos mercados incipientes de gerações passadas.

"A África será a próxima grande história de crescimento que de modo geral ainda não foi descoberta", disse Larry Seruma, diretor do Nile Pan Africa Fund, um fundo mútuo americano que detém ações de companhias baseadas na região ou fazem negócios substanciais lá. "Pode suplantar o Brasil, a China e a Rússia se seu potencial se realizar."

Esse é um grande "se". Na África, existe uma pobreza extrema, doenças e fome, combinadas com outros problemas que limitam a qualidade de vida: instabilidade política, sistemas educacionais deficientes e antigos conflitos militares. Mas o caso a favor da região e de outros mercados regionais e de fronteiras é exatamente que eles acabaram de iniciar o caminho para o progresso econômico e social. Faz apenas quatro décadas que as fazendas chinesas foram descoletivizadas e menos de duas décadas que a inflação no Brasil estava em mais de 40% ao mês.

"Os mercados de fronteira estão muitas vezes em um estado de desenvolvimento econômico muito anterior ao dos grandes mercados emergentes e podem ter apenas recentemente se aberto ao investimento estrangeiro", disse Mark Mobius, que dirige operações de mercado emergente na empresa de gestão de fundos Franklin Templeton. "Isso ajuda a explicar seu alto potencial de crescimento.

Os mercados mais novos têm mais espaço para crescer e a busca por potencial de crescimento em meio a uma volatilidade global aguda está incentivando muitos investidores a expandir seus horizontes."

Um recente relatório do Citigroup identificou 11 economias que deverão apresentar um crescimento excepcional até meados do século, incluindo China e Índia. A maioria das outras são mercados de fronteira -Bangladesh, Iraque, Mongólia, Nigéria, Sri Lanka e Vietnã- ou mercados emergentes menores, como o Egito e as Filipinas.

O índice de mercados de fronteira MSCI perdeu cerca de dois terços de seu valor durante o colapso global de 2008 e 2009, quando os países africanos viram secar os investimentos da Europa, assolada pelas dívidas. Ainda assim, existem três temas em que os gerentes de fundos esperam obter retornos nos próximos anos: crescimento de uma sociedade de classe média que consome, a produção e exportação de recursos naturais e o desenvolvimento de infraestrutura.

Mobius disse que está "otimista sobre o potencial de crescimento em longo prazo de muitos países" da África e acrescentou que "não devemos desprezar países latino-americanos como a Colômbia e o Peru; os países da Europa Oriental como a Romênia e países da Ásia como o Vietnã, o Paquistão e o Sri Lanka".

Seruma se concentra na África, mas não sente necessidade de investir lá para capturar a promessa do continente. Sua carteira inclui ativos como a African Oil, que descobriu reservas no Quênia mas tem uma ação listada no Canadá, e a Tullow Oil, que é negociada no Reino Unido e tem ativos de energia em Gana e Uganda. "Conforme se aplicar mais capital" nos mercados que ele acompanha, "veremos os retornos se equipararem aos do resto do mundo", previu Seruma.

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