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Em um grotão asiático, a promessa de crescimento

Por BETTINA WASSENER

COX'S BAZAR, Bangladesh - Bangladesh é provavelmente um dos últimos lugares da Ásia onde se esperaria ver um próspero balneário com hotéis de luxo.

Mas Cox's Bazar é exatamente isso -um lugar onde bengaleses ricos vão passar o fim de semana à beira-mar.

A transformação da cidade de grotão remoto para balneário pulsante simboliza as mudanças que têm ocorrido nas últimas décadas neste país de 160 milhões de habitantes e em muitas outras nações asiáticas em desenvolvimento.

"Uma classe média está gradualmente se formando", disse o economista Zahid Hossain, economista-chefe do Banco Asiático de Desenvolvimento em Dacca, a capital. O crescimento no país espelha a evolução de outras nações emergentes, completa. "A demanda doméstica está crescendo e se tornando um importante motor da atividade econômica."

O progresso, porém, é desigual. Como em outros países asiáticos, o fosso entre ricos e pobres aumentou em Bangladesh, dando origem a tensões sociais e eventualmente a protestos violentos. O assassinato, em abril, do ativista Aminul Islam, aparentemente em represália por sua militância pelos direitos trabalhistas, voltou os holofotes para os baixos salários e más condições de trabalho de setores pujantes, como a indústria de vestuário.

No interior de Bangladesh, onde vivem mais de 70% da população, a agricultura de subsistência continua sendo a norma, e há grande propensão a desastres climáticos.

Os investimentos estrangeiros diretos em Bangladesh se mantêm em cerca de US$ 1 bilhão por ano -um décimo do dinheiro que chega a Tailândia ou a Malásia

Deficiências nos transportes e no setor energético, disputas políticas, corrupção e escassez de mão de obra qualificada contribuem para um ambiente desafiador para os investimentos.

Apesar disso, a economia bengalesa conseguiu crescer acima de 6% ao ano durante grande parte da última década.

Economistas do banco Standard Chartered acreditam que Bangladesh pode entrar para o chamado "clube do 7%", formado por países que crescem a essa taxa ou mais durante períodos prolongados. Atuais membros do "clube" incluem China, Camboja, Índia, Moçambique e Uganda.

O HSBC incluiu Bangladesh num grupo de 26 economias - junto com China, Índia e vários países latino-americanos e africanos - onde existe expectativa de forte crescimento.

Por enquanto, a força industrial de Bangladesh se concentra no setor de vestuário, que se transformou em uma atividade multibilionária, que emprega 3,6 milhões de pessoas e responde por 78% das exportações locais.

Uma das razões para o forte crescimento bengalês dos últimos anos é a elevação dos custos trabalhistas na China, onde a indústria está se voltando para atividades com maior margem de lucro, com o design de produtos.

"Durante muitos anos, a China foi quase sempre a resposta óbvia para todos os compradores", observou a consultoria McKinsey em um relatório.

Agora, empresas ocidentais que compram roupas no atacado procuram a "próxima China", e Bangladesh é "claramente a próxima parada favorita para a caravana da aquisição".

Cox's Bazar está longe de virar uma Riviera Francesa. Mas a cidade mudou muito em cinco anos, disse Mikey Leung, coautor do guia "Bradt" para Bangladesh.

"Imóveis estão brotando feito margaridas, e o desenvolvimento está avançando cada vez mais", afirmou Leung. "A velocidade e escala disso são inéditas para Bangladesh."

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