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Educação

No mercado global, estudantes selecionam universidades

Estudantes vão à China, e chineses preferem o exterior

Por CHRISTOPHER F. SCHUETZE

PARIS - Enquanto terminava o colégio perto de Puna, na Índia, Pooja Modi começou a procurar na internet universidades de engenharia. Com 18 anos, ela sabia que queria ser uma especialista em energia solar.

Para ela, o local de seus estudos importava menos do que a qualidade: "Ir para o exterior não era importante, mas sim receber a melhor educação".

Quando foi admitida na Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, Modi procurou colegas indianos. Agora, em seu quarto ano de faculdade, diz que não poderia ter feito melhor opção.

Os alunos tornaram-se mais capacitados para escolher escolas no exterior e muitas vezes têm consciência de mudanças na reputação educacional dos países anfitriões, taxas, políticas de imigração e até do ambiente político.

O intercâmbio educacional global está mais popular do que nunca. Cerca de 3,6 milhões de estudantes cruzaram fronteiras nacionais para estudar em 2009, ante 3 milhões em 2005, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

Embora os países anfitriões tradicionais como os Estados Unidos e o Reino Unido ainda sejam os grandes preferidos, está surgindo uma tendência para o regionalismo. Mais estudantes escolhem países vizinhos para viajar distâncias menores, ter maiores semelhanças culturais e laços econômicos mais estreitos.

Outro fator é que Reino Unido, Suécia e Austrália impuseram barreiras como mensalidades mais altas, restrições de vistos e políticas de trabalho pós-estudo que desincentivam a imigração.

Embora relativamente nova no mercado global de estudos superiores, a China se estabelece como um grande ator. "A China não é apenas um país emissor, mas também receptor", disse Wei Shen, reitor-adjunto para a China na escola de administração ESSCA, na França.

Em 2011, cerca de 292 mil estudantes estrangeiros fizeram cursos na China, segundo números do governo citados pelo jornal estatal "China Daily". Segundo os números dados por Shen, quase 340 mil estudantes deixaram a China para estudar no exterior. A disposição dos asiáticos a considerar destinos regionais em vez dos mais tradicionais foi um alívio para alguns fornecedores de educação no continente. A Coreia do Sul, a Austrália e a Nova Zelândia são destinos de "mercados emergentes", segundo Chiao-Ling Chien, do Instituto de Estatística da Unesco, que realiza estudos sobre estudantes estrangeiros.

O anúncio feito em fevereiro pela Universidade de Tóquio, uma das instituições pós-secundárias mais prestigiosas do Japão, de que modificaria seu calendário acadêmico para se equiparar à agenda de setembro a maio, levou a especulações sobre o futuro papel do Japão como país anfitrião de educação superior, segundo Peggy Blumenthal, diretora do Instituto Internacional de Educação, sediado em Nova York. O instituto informou que 64% dos estudantes estrangeiros no Japão em 2011 vieram da China.

Em 2010, as universidades australianas abrigaram mais de 75 mil estudantes universitários chineses e quase 20 mil indianos, segundo o instituto. Houve barreiras como a exigência da língua inglesa e choques culturais.

Novos regulamentos de trabalho após os estudos aprovados nos últimos dois anos atraíram estudantes que pretendem ficar depois de obter o diploma.

"É impossível examinar os números de matrículas sem levar em conta a política migratória", disse Lesleyanne Hawthorne, especialista em fluxo internacional de estudantes e professores da Universidade de Melbourne. Segundo ela, dois em cada três estudantes indianos que estudam na Austrália consideram a possibilidade de migrar para o país.

O Reino Unido anunciou no ano passado que, em um esforço para conter a imigração, adotaria regras mais restritivas para estudantes estrangeiros.

Já a Suécia passou a cobrar altas taxas para estudantes de fora da União Europeia. Apesar da queda inicial no número de matrículas, dados recentes sugerem uma recuperação do interesse.

Os estudantes estão ficando cada vez mais conscientes da reputação dos países e das suas tendências educacionais.

Percepções detalhadas levaram à flutuação no número de estudantes chineses que consideraram estudar na Nova Zelândia na última década, segundo Ian Martin, vice-chanceler da Universidade de Auckland.

"A reputação é uma questão muito importante", disse Janet Ilieva, do Conselho Britânico.

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