Índice geral New York Times
New York Times
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Técnicas da cidade para aldeias da Indonésia

Indonésia envia jovens promissores para escolas rurais

Por SARA SCHONHARDT

GOBANG, Indonesia - Astuti Kusumaningrum trabalhava no escritório de uma fundação para crianças quando recebeu um e-mail sobre um programa que enviava jovens professores para aldeias remotas da Indonésia durante um ano. Como psicóloga formada, ela não tinha treinamento em educação, mas o programa atiçou seu interesse.

A jovem de 23 anos da cidade de Yogyakarta se inscreveu no programa, chamado Indonesia Mengajar, e desde junho vive em Gobang, em Java Ocidental.

Criado em 2009 pelo reitor de uma universidade particular em Jacarta, com patrocinadores como Intel, Indika Energy e a empresa de consultoria McKinsey, a Indonesia Mengajar recruta e treina jovens indonésios para trabalhar como professores em províncias pobres e remotas.

Seu objetivo é preencher uma lacuna no número de professores qualificados no país de 248 milhões de habitantes, um extenso arquipélago povoado por centenas de etnias diferentes, com línguas próprias. O programa também visa formar uma nova geração de líderes que compreendam as necessidades das comunidades rurais.

"Esperamos que essa experiência lhes dê empatia, conhecimento e compreensão da realidade da Indonésia", disse o fundador do programa, Anies Baswedan. "Através deste programa teremos jovens indonésios com a capacidade de nos representar no ambiente global, mas também com maior compreensão de nossas origens."

Um programa semelhante nos anos 50 se concentrou em construir colégios. Ele esfriou depois de dez anos, devido a tensões políticas nos anos 60. No entanto, muitos reconhecem que foi isso que ajudou a educar os empresários e as autoridades que hoje lideram o país.

Desde que despachou seus primeiros 51 professores em 2009, o novo programa recebeu 19.518 inscrições. Os recrutadores recentemente escolheram 72 professores, dentre mais de 8.500, para a quarta mobilização.

Eles dizem que os interessados devem ser recém-formados, ter fortes históricos acadêmicos e capacidade de liderança comprovada. O diploma de licenciatura não é exigido. "Buscamos o 'crème de la crème'", disse Baswedan.

Os professores passam por dois meses de ensino e treinamento de liderança, que incluem técnicas de sobrevivência para ajudá-los a se adaptar a aldeias com infraestrutura mínima.

Em Gobang, onde Kusumaningrum está morando e dá aulas de inglês, matemática e indonésio, não há água encanada nem internet. As salas de aula são cascas de concreto pintadas, com azulejos faltando no piso, painéis quebrados no teto e paredes rachadas.

Apesar dos desafios -como a baixa capacidade de leitura, a falta de livros e barreiras de idioma-, Kusumaningrum acredita que fez mudanças positivas.

"Em termos acadêmicos, há muito trabalho a ser feito", disse. "Mas socialmente, sinto que eles têm mais paixão em aprender e perguntar."

Alguns alunos do programa dizem que a experiência os inspirou a mudar de carreira profissional.

Rahmat Danu Andika tem um diploma de engenharia ambiental e trabalhava em uma mina de carvão antes de entrar para o programa, em 2009. Hoje ele faz pesquisa para a Indonesia Mengajar.

"Eu pensei que conhecesse a Indonésia", disse Andika, "mas quando fui à minha aldeia percebi que há muitas coisas que ainda não conheço".

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.