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Arte & Estilo

Diretor revisita o Cosmos de 'Alien'

Por DENNIS OVERBYE

Em 2089, a arqueóloga Elizabeth Shaw, ao fazer escavações numa caverna nas montanhas frias da Escócia, descobre que a raça humana não está sozinha. Seu farolete ilumina uma pintura de 35 mil anos de pessoas adorando um gigante que aponta para um grupo de estrelas.

As palavras "não estamos sós" podem ser uma porta de entrada para a salvação ou para o terror. É esse o gume sobre o qual o diretor britânico Ridley Scott equilibrou "Prometheus", seu aguardado retorno ao universo criado no filme de 1979 "Alien: O Oitavo Passageiro".

"Prometheus", que vai estrear nos Estados Unidos e no resto do mundo neste verão americano, é o primeiro filme de ficção científica do diretor desde "Blade Runner", de 1982, e seu primeiro trabalho em 3D. Com roteiro de Jon Spaihts e Damon Lindelof, o filme acompanha Elizabeth Shaw -representada por Noomi Rapace (a garota com a tatuagem de dragão na trilogia de filmes suecos que começa com "Os Homens que Não Amavam as Mulheres", de 2009-, que, a bordo da nave espacial Prometheus, utiliza um mapa sideral antigo para guiá-la até uma lua obscura, na esperança de encontrar seu criador.

Juntam-se a ela, entre outros, Charlize Theron no papel de executiva corporativa fria, Michael Fassbender como David, andróide de talentos e agenda ambíguos, e Guy Pearce, que representa Peter Weyland, líder de um conglomerado intergaláctico que é dono da nave e de boa parte da galáxia também.

Já há sites na internet dedicados a analisar trailers, imagens e pistas que Ridley Scott e membros do elenco deixaram vazar.

Um exemplo é o site da Weyland Industries, com um anúncio de sua nova linha de andróides David e uma palestra de Weyland em que ele faz uma lista de conquistas tecnológicas, incluindo a capacidade de criar robôs que não se distinguem de humanos.

Falando ao telefone de Londres, onde a maior parte do filme foi rodada, Scott disse: "Deus não nos odeia". E então, acrescentou em tom sombrio: "Mas Deus pode se decepcionar conosco, como seus filhos".

"Prometheus" não é um prólogo a "Alien". Scott disse que concluiu que a franquia "Alien" tinha terminado. Então, três anos atrás, achou que talvez houvesse uma maneira de "resgatá-la", em suas palavras.

Em "Alien", a tripulação malfadada encontra uma nave espacial abandonada, e no assento do piloto está um humanóide gigante com peito detonado. Então um ovo estranho se abre e envolve o rosto de um tripulante, representado por John Hurt. "O filme decola a partir do momento em que ele olha para dentro daquele ovo", disse Scott.

Mas ele ficou surpreso pelo fato de nunca ninguém lhe ter perguntado sobre o ser no assento do piloto. "Quem era ele? Por que ele pousou ali?", Scott se perguntou. E por que estava transportando uma carga de "biotecnologia tão maligna"?

Scott achou que James Cameron, que dirigiu a primeira sequência, "Aliens: O Resgate", trataria dessa questão. Mas o enigma continuou presente, e, no processo de desenvolvê-lo, disse o diretor, uma "mitologia nova e grandiosa" emergiu.

Scott disse que, por um lado, o que o inspirou foi o esforço para procurar vida fora da Terra.

Na outra extremidade da escala de credibilidade está o arqueólogo pop Erich von Daniken, que, em livros como "Eram os Deuses Astronautas?", de 1968, argumentou que existem evidências arqueológicas -como as linhas de Nazca, no Peru- de que visitantes do espaço ajudaram a vida na Terra.

Será que já fomos visitados por deuses ou aliens? "O fato de que eles estariam pelo menos 1 bilhão de anos à nossa frente, em matéria de tecnologia, é assustador. Poderíamos usar os termos Deus, deuses ou engenheiros da vida no espaço", disse Scott.

E será que gostaríamos de reencontrá-los? O cosmólogo Stephen Hawking já sugeriu cautela: "Basta olhar para nós mesmos para ver como a vida inteligente poderia converter-se em algo que não gostaríamos de encontrar".

"Espero que ninguém pense que somos pretensiosos demais", disse Scott.

"Nossa proposta foi criar algo divertido e emocionante de assistir, não um bando de pessoas sentadas discutindo qual seria o significado da vida", completa o diretor.

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