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Procurando privacidade na web

O Big Data toma nota quando você compra lingerie on-line. Ele registra as buscas de informação sobre uma irritação de pele que você digita em motores de busca. E, ao que parece, capta seus e-mails com cartas de amor quando seus carros passam diante de sua casa (bem, isso, na realidade, é o Google, mas você entendeu a ideia, não?).

Os dizeres em letras miúdas nas declarações de privacidade on-line não devem ser vistos como escudo que proteja internautas dos coletores de dados, e governos em todo o mundo estão tentando desemaranhar interesses comerciais complexos e segurança dos cidadãos.

Nos Estados Unidos, a Comissão Federal de Comércio monitora se as companhias na internet cumprem suas próprias políticas de privacidade em relação a quando e onde vão compartilhar as informações pessoais de seus consumidores. Mas a comissão não tem poderes para avaliar penalidades para a maioria das violações, reportou o "NYT", e tem pouca influência sobre a operação de empresas que não possuem políticas de privacidade.

"Nos Estados Unidos, a privacidade é um negócio do consumidor", disse ao jornal Jacob Kohnstamm, presidente da Autoridade Holandesa de Proteção de Dados. "Na Europa, é uma questão de direitos humanos fundamentais."

No início do ano, a Comissão Europeia propôs uma lei que exigiria que empresas na internet obtivessem permissão de usuários para decidir como seriam usados seus dados. Mas o apetite insaciável por informação dos consumidores complica a legislação de proteção de dados.

"Não temos muita escolha senão confiar no Google", disse Christian Sandvig, pesquisador da Universidade do Illinois em tecnologia das comunicações e política pública. "Dependemos do Google para tudo."

E, quanto mais dependemos do Google e do Facebook, mais estes dependem de seus consumidores para levar adiante seus modelos econômicos, que se apoiam fortemente sobre a publicidade com alvos certos.

Nesse cenário, quais são as opções?

Empresas de tecnologia estão trabalhando para criar mecanismos "Não Rastreie", semelhantes às listas de telefones "Não Ligue", para os quais é proibido fazer telemarketing.

Jon Leibowitz, presidente da Comissão Federal de Comércio, pediu às empresas de varejo, publicidade e tecnologia que façam mais do que simplesmente bloquear os anúncios com alvo certo.

Ele disse: "Embora ainda reste muito trabalho a ser feito sobre o 'Não Rastreie', a comissão acredita que os avanços conseguidos até agora, somados a propostas legislativas, fornecem o ímpeto" que pode levar a métodos úteis de proteção da privacidade.

E, enquanto aguardamos que essas medidas de proteção virem realidade, nossas informações continuarão a ser garimpadas com finalidades lucrativas.

A coleta de dados criou um dilema para a sociedade: ou aceitamos o fato de que nossas ações sempre serão visíveis ou dedicamos energia tremenda à tarefa de moldar nossa imagem pública.

Ou então escolhemos a versão século 21 da vida de ermitão: saímos da internet.

CHRISTINE DIGANGI

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nytweekly@nytimes.com

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