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Startups palestinas em alta

Por SARA HAMDAN

DUBAI - Quando Yadin Kaufmann ajudou a fundar a Veritas Venture Partners, em 1990, a indústria de tecnologia israelense mal existia. Apenas um punhado de empresas tinha posto suas ações à venda nas Bolsas americanas, e era difícil conseguir financiamento.

Desde então, a empresa de Kaufmann já nutriu companhias como a Ubique, pioneira das mensagens instantâneas comprada pela AOL em 1995, e a Accord Networks, empresa de videoconferências que abriu seu capital em 2000.

Kaufmann, 51, acha que hoje é o mercado palestino que possui um potencial semelhante.

Nos últimos três anos, ele e seu sócio, o empresário palestino Saed Nashef, levantaram US$ 28,7 milhões para um novo fundo. Esta empresa, a Sadara Ventures, tem o respaldo de investidores institucionais de destaque, incluindo a Cisco, o Banco Europeu de Investimentos, o fundo de George Soros e o Google. Agora, a Sadara Ventures se prepara para fazer seu primeiro investimento.

"Há um número pequeno, mas importante, de empreendedores muito instruídos que precisam de capital e acesso aos mercados internacionais", disse Kaufmann.

A Sadara Ventures faz parte de uma onda crescente de investidores que estão injetando dinheiro nos territórios palestinos, como o Rasmala Investment Bank, o Siraj Fund Management e a Abraaj Capital. A Sadara pretende investir exclusivamente em startups (empresas iniciantes) de tecnologia palestinas, adquirindo participações em cerca de 15 companhias ao longo de dez anos.

"O que está acontecendo no 'private equity' (participação em empresas) é algo inusitado", disse Mohammad Mustafa, presidente e executivo-chefe do Palestine Investment Fund, que forneceu US$ 10 milhões ao fundo da Abraaj Capital e US$ 15 milhões para o do Rasmala Investment.

A Sadara está avaliando startups para fazer os primeiros investimentos do fundo. Nashef estima que existam mais de 300 empresas de tecnologia na Cisjordânia e Faixa de Gaza, com cerca de 3.200 pessoas trabalhando em aplicativos para celulares e websites inovadores. Fundador da empresa de consultoria de softwares Equiom, Nashef, 42, antigo engenheiro de software da Microsoft, disse que esse potencial o encorajou a retornar dos Estados Unidos para a região.

A economia está se mostrando resiliente em meio às revoluções que vêm varrendo a região. No ano passado, o mercado acionário palestino foi um dos de melhor desempenho no Oriente Médio.

"Quando fazemos levantamento de fundos, nossos investidores frequentemente nos perguntam sobre questões políticas delicadas, como a Primavera Árabe. No entanto, a verdade é que a instabilidade não é algo recente na Palestina", disse Nashef. "Os palestinos vivem sob a ocupação há muito tempo, e, a despeito das dificuldades, as pessoas precisam pôr comida sobre a mesa. Essa situação resultou na presença de muitos empreendedores criativos, com modelos econômicos resilientes e adaptáveis."

Kaufmann disse que, em vista do clima político em processo de mutação no Oriente Médio, os investidores potenciais estão inicialmente céticos em relação às startups palestinas. Afinal, as empresas de tecnologia na região palestina enfrentam obstáculos singulares. Os postos de controle e os toques de recolher impostos por Israel criam um ambiente operacional restritivo para as empresas. Além disso, Israel monitora as transmissões e limita o acesso à internet de alta velocidade nos territórios ocupados.

Os fundadores do Sadara dizem que vêm conseguindo sucesso pelo fato de enfatizarem que o objetivo do fundo é investir em empresas e adicionar valor. Não há entidades políticas ou governamentais envolvidas com o fundo.

"Tenho a esperança de que o fato de focarmos os negócios, não a política, e o de demonstrarmos que podemos acrescentar valor às empresas em que investimos, nos permitirá superar qualquer relutância", disse Kaufmann.

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