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Abrindo caminho até as estrelas

By KENNETH CHANG

MOJAVE, Califórnia - A placa da cidade diz "Portal do Espaço!".

Ela aponta para a Porta Aérea e Espacial Mojave, incubadora do movimento "new space" (novo espaço). Seus seguidores acreditam que a próxima fase da exploração espacial será liderada por empreendedores ágeis e ambiciosos -e que agora é seu momento de se unir e fazer isso virar realidade.

"É muito semelhante ao efeito do Vale do Silício", falou Stuart O. Witt, executivo-chefe da porta espacial, explicando como meia dúzia de outras startups espaciais vieram para esta pequena cidade no deserto, mais ou menos 145 km ao norte de Los Angeles.

A primeira nave espacial particular pilotada, SpaceShipOne, foi lançada em 2004. Agora, as startups estão desenvolvendo novos combustíveis de foguete e procurando transformar o segundo estágio descartado de um foguete em um protótipo de nave de pouso lunar.

Em 25 de maio, aconteceu o evento inaugural desta campanha de empreendedores, quando a Space Exploration Technologies Corporation, ou SpaceX, fez história ao tornar-se a primeira empresa privada a enviar uma nave espacial (transportando carga, mas não pessoas) à Estação Espacial Internacional.

Até agora, todas as naves que vão à estação e vêm dela têm sido veículos operados por governos, como os ônibus espaciais da Nasa e as cápsulas Soyuz russas. A cápsula Dragon, da SpaceX, montada sobre o foguete Falcon 9, é a primeira nave de abastecimento puramente comercial -embora tenha sido paga pela Nasa- a fazer a viagem.

Já há sinais de como a era das viagens espaciais comerciais poderá se desenrolar. Companhias como a Virgin Galactic, XCOR e Space Adventures estão aceitando reservas de passageiros em voos espaciais suborbitais, prometidos para acontecer nos próximos anos. Centenas de pessoas vêm fazendo as reservas, entre elas Ashton Kutcher, Angelina Jolie, Brad Pitt, Tom Hanks e Katy Perry.

A Virgin Galactic faz parte do império de Richard Branson. Outra companhia, a Stratolaunch, foi idealizada por Paul Allen, co-fundador da Microsoft. A Stratolaunch está erguendo uma grande fábrica para construir um avião com envergadura enorme, além de um hangar. O avião, em pleno voo, servirá de plataforma de lançamento de um foguete.

E há a Masten Space Systems, abrigada num espaço pequeno de um só andar. Seus softwares fazem um foguete decolar verticalmente, pairar no ar e então pousar suavemente na plataforma de lançamento.

David Masten, seu fundador, há três anos ganhou US$ 1 milhão num concurso patrocinado pela Nasa para demonstrar voos de precisão semelhantes aos que serão necessários para uma futura unidade de pouso lunar.

"Isso já deixou de ser um hobby", Joel Scotkin, o CEO da Masten. "Somos basicamente autossuficientes em termos de receita."

Uma empresa ainda menor que a Masten é a Firestar Technologies, cujo dinheiro vem principalmente de contratos federais de pesquisa. Seu produto principal é um combustível alternativo para os propulsores que as naves espaciais usam para manobrar. A substância química usada hoje, a hidrazina, é altamente tóxica, e a Firestar produz um tipo menos tóxico que poderá ser testado em breve na estação espacial.

Também em Mojave está a sede da Scaled Composites, fundada por Burt Rutan, que projetou o Voyager, o primeiro avião a dar a volta ao mundo sem reabastecer, em 1986.

Entre os outros presentes em Mojave, Jeff Greason é o fundador da XCOR Aerospace. A empresa está construindo o Lynx, que, como o SpaceShipTwo da Virgin Galactic, tem por objetivo levar turistas em voos suborbitais. Os voos de teste do Lynx, que tem dois lugares, poderão começar este ano.

O lançamento de 22 de maio foi instigante para Greason. "Ela tem muito do que se orgulhar", falou, aludindo à SpaceX, comandada por Elon Musk, fundador do PayPal e da Tesla Motors. "Mas acho que ela ainda não chegou ao ponto em que seja independente da Nasa para levar adiante suas atividades de pesquisas e desenvolvimento."

O mesmo pode ser dito da maioria das startups de Mojave, que torcem para durar por mais tempo que o vôo da SpaceX.

"É ridículo condicionar o êxito ou o fracasso de um setor a um só lançamento", falou Greason.

"Mas há motivos para termos otimismo em relação às chances de uma ou mais empresas -e espero que a nossa seja uma delas- se tornarem rentáveis nos próximos anos."

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