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Magnatas gregos buscam discrição Por LANDON THOMAS Jr. e ELENI VARVITSIOTI ATENAS - As pessoas que potencialmente estão em melhores condições para ajudar a Grécia preferem a discrição. São os gregos mais ricos: os magnatas da navegação, cuja isenção tributária é garantida pela Constituição, ou os ditos oligarcas, que fizeram fortunas em setores estratégicos como petróleo, gás, comunicações ou cimento. Investidores astutos, eles relutam em estender a mão ao Tesouro grego arriscando-se a comprar títulos públicos. São igualmente desconfiados de instituições filantrópicas que tentam combater os crescentes males sociais. E, acima de tudo, fazem o que os gregos tradicionalmente fazem: pagam o mínimo possível de impostos. Muitos economistas dizem que os oligarcas são uma grande parte do problema econômico grego, pois se aproveitam da abordagem empresarial insular, quase monopolista -uma das razões para o país ter ficado para trás de outras economias bem mais competitivas na zona do euro. Avaliar o valor final do setor privado grego é uma tarefa quase impossível, porque grande parte do dinheiro está "offshore", depositada em contas na Suíça ou investida em imóveis de Londres ou Mônaco. Agora que o esquerdista Alexis Tsipras, um dos políticos mais votados do país, fala em nacionalizar empresas e "taxar os ricos", como diz seu principal assessor econômico, há ainda mais incentivo para a desconfiança. Estima-se que, só no ano passado, € 8 bilhões (US$ 10,2 bilhões) em impostos que deveriam ser recolhidos se transformaram em dívida fiscal -quase metade do deficit orçamentário do país. Os magnatas gregos têm todos os incentivos para manter o país na união monetária. Mas estarão dispostos a arcar com o custo disso? "Os oligarcas querem manter o euro em grande parte por causa dos bancos, profundamente integrados ao sistema do euro", disse o economista Costas Lapavitsas, da Universidade de Londres. "Mas eles estão mantendo o silêncio." Porém, com o aumento do desespero entre os desempregados, a pressão sobre os ricos está crescendo. "Tenho a sensação de que quase nada está sendo feito", afirmou Andreas Dracopoulos, copresidente da Fundação Stavros Niarchos, criada na década de 1990 para dar fim beneficente à fortuna do seu fundador, magnata da navegação. "Todos estão dizendo: deixe que outro faça." Em janeiro deste ano, a fundação, que se descreve como uma entidade beneficente internacional com sedes em Atenas, Nova York e Mônaco, disse que doaria € 100 milhões para projetos destinados a ajudar os gregos a enfrentarem a crise. Analistas da navegação calculam que só nesse setor haja um patrimônio em torno de US$ 85 bilhões. Thanassis Martinos afirmou que sua empresa, a Eastern Mediterranean, está tendo um dos piores anos da sua história e que terá prejuízo em 2012. Ele disse que os gregos mais ricos contribuem gerando emprego para os jovens, entre os quais o desemprego supera os 50%. Outro armador disse ter doado milhares de refeições a famílias. Todas as empresas de navegação daqui baseiam suas frotas em "offshores". Pouco se fala sobre cobrar impostos dos armadores -o que, supõe-se, os faria levar seus negócios para outro lugar. O setor da navegação emprega cerca de 200 mil pessoas e é o principal gerador de divisas para o país, trazendo € 13 bilhões em 2010. Os armadores gregos também possuem um enorme patrimônio imobiliário e interesses no turismo, nos bancos e nas comunicações. Martinos diz que uma mudança na estrutura tributária grega é improvável. "Não acho que a política vá mudar", disse. "A navegação é um lucro líquido para a Grécia." Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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