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Trollhattan Journal

Tuitando como a Suécia durante uma semana

POR SARAH LYALL

TROLLHATTAN, Suécia - As probabilidades de embaraço são altas quando você é #Sweden (#Suécia), o porta-voz oficial do país no Twitter.

"Em um de meus primeiros tuítes eu consegui soletrar errado 'finish' [acabar]. Coloquei dois 'n', como em 'Finnish' [finlandês]", disse Erik Isberg, estudante colegial, 18, que foi #Sweden durante uma semana. "Eu pensei: 'Como posso fazer isso por uma semana se escrevi errado uma palavra como essa?'. Depois me acalmei. Eu devo representar os suecos típicos e muitos deles não falam um inglês perfeito'."

Se há uma coisa a se aprender com a experiência da #Sweden, uma iniciativa do governo que deixa a conta do país no Twitter a cargo de um cidadão diferente a cada sete dias, é que não existe um sueco típico.

Um #Sweden postou fotos de sua caçada de alce no Natal. Outro declarou que gostaria de estar fazendo amor naquele instante. Outro, um advogado muçulmano, discutiu a frequência do nome Mohamed entre os imigrantes. E Jack Werner, o primeiro #Sweden, atraiu milhares de seguidores e o apelido de "o sueco masturbador" depois que decidiu ser honesto ao citar suas atividades de lazer preferidas.

O mais jovem #Sweden até agora foi Isberg. Ele vive com seus pais em Trollhattan, que abrigava a indústria de automóveis Saab, hoje extinta. O dia em que ele foi entrevistado era o Dia Nacional da Suécia, um feriado público. Ele tinha acordado tarde, assim como a conta #Sweden. "Até agora, eu comemorei o feriado da maneira que acho que é a mais comum: dormindo a manhã inteira", ele tuitou.

Em casa, ele foi tratado primeiro como um adolescente e depois como #Sweden.

"Você já comeu alguma coisa?", perguntou sua mãe, Monica, um tanto irritada (já era quase hora do almoço). Isberg aceitou um pedaço de pão.

Os #Swedens são indicados por outras pessoas -ninguém deve propor seu próprio nome- e então selecionados por uma comissão de três pessoas, que inclui Patrick Kampmann, diretor de criação da Volontaire, a empresa de publicidade que inventou a iniciativa. Os #Swedens devem ser interessantes, habituados ao Twitter e à vontade para postar em inglês.

Kampmann diz que aconselha os #Swedens a praticar "seu comportamento normal no Twitter". "Eu lhes digo: 'Por favor, façam isso com uma certa dignidade. Lembrem-se de que é um canal oficial e que há muita gente lendo, por isso não sejam idiotas'", disse.

"Mas é apenas uma sugestão branda."

O programa inspirou projetos semelhantes em outros lugares, incluindo Irlanda, Nova Zelândia e a cidade de Leeds, na Inglaterra.

Como a voz da nação, disse Isberg, ele se sentiu obrigado a responder às perguntas feitas pelos seguidores (#Sweden tem mais de 28 mil). Muitos lhe perguntaram sobre o Dia Nacional, feriado instituído em 2005.

Ele não sabia todos os detalhes, por isso consultou o Google. "Ninguém sabe por que comemoramos esse dia. Geralmente comemos alguma coisa gostosa no almoço", postou.

Mas outra pergunta, sobre o que ele queria fazer na vida, o deixou confuso. "Eu não devo ser um produto comercial -devo apenas ser eu mesmo", disse Isberg. "E isso diz mais sobre a Suécia do que qualquer outra coisa."

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