Índice geral New York Times
New York Times
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

Kimbra experimenta e transforma o pop

POR JAMES C. MCKINLEY JR.

Em seu 22° aniversário, em março, Kimbra entrou gingando no palco do Webster Hall, em seu primeiro show em Nova York. Usava um vestido de festa cor-de-rosa curto e o cabelo em estilo retrô. Parecia uma boneca, mas quando começou a cantar "Cameo Lover", um apelo animado a seu homem por intimidade, sua voz não era nada inocente.

Algumas pessoas cantaram junto, apesar de a canção não estar nas rádios americanas, e o primeiro álbum de Kimbra, "Vows" (Promessas), ainda não ter saído nos EUA. "O que me surpreendeu foi a quantidade de pessoas que já conheciam as letras", disse a cantora neozeolandesa. A turnê americana continua até 7 de julho.

Kimbra faz sucesso desde o ano passado. "Vows" vendeu mais de 100 mil cópias na Austrália desde seu lançamento em agosto de 2011, chegando ao quarto lugar nas paradas australianas. Depois, ela ganhou o prêmio de artista revelação da Associação de Gravadoras Australianas. Também seu dueto com Gotye em "Somebody That I Used to Know" tornou-se um hit internacional.

"Kimbra é uma verdadeira artista e terá uma grande e longa carreira", disse Rob Cavallo, presidente da Warner Brothers Records, que a contratou em junho do ano passado.

Livia Tortella, copresidente da Warner, disse que o selo está formando um público on-line para Kimbra e ampliando sua exposição ao fazê-la abrir shows de artistas conhecidos como Gotye e Foster the People.

As canções de Kimbra são mais experimentais do que as de muitos artistas pop. Ela sobrepõe os vocais com loops, cantando motivos subjacentes antes de acrescentar a melodia e depois uma linha harmônica. Ela aprecia ritmos complexos e sincopados, estruturas musicais imprevisíveis e ocasionalmente uma harmonia de jazz. Gosta de improvisos, gritos, rugidos e outros sons que não são convencionais.

"Settle Downing Street", seu maior sucesso na Austrália, começa com um improviso vocal rítmico sobre o qual Kimbra canta a melodia, enquanto palmas sincopadas e acordes agudos de sintetizador entram em cena. Ela diz que sempre amou a música pop, soul e R&B, mas quer que suas canções "sejam mais progressistas, com elementos teatrais". Admira cantores que também são compositores e "usam suas vozes como instrumentos", como Björk, Jeff Buckley e Rufus Wainwright.

Kimbra foi criada em Hamilton, Nova Zelândia, filha de um médico e uma enfermeira. Descobriu Ella Fitzgerald quando cantava no coro de jazz do colégio. Foi quando começou a compor no violão e a fazer apresentações solo.

Cavallo disse que a Warner se interessou por ela um ano atrás, pela força dos vídeos dos singles "Settle Down" e "Cameo Lover". "Ela tem 22 anos e sabe exatamente como quer o som de cada nota em seu disco."

No Webster Hall, Kimbra estava elétrica. Saltava e vibrava, tocava um tamborim vigorosamente e às vezes fazia gestos estranhos. Um ponto alto foi quando ela cantou um cover de Nina Simone, "Plain Gold Ring", dando à letra um forte apelo sexual.

Ela ainda é jovem o suficiente para admitir: "Fico muito entusiasmada com os filmes da Disney". Hoje em dia, porém, diz encontrar inspiração na mística cristã, em textos budistas e nas obras teológicas de C. S. Lewis. Recentemente leu "Strength to Love", de Martin Luther King Jr.

"Acho realmente fascinante a maneira como lutamos para encontrar significado no universo", disse, sem qualquer vestígio de ironia. "É a inspiração de muitas de minhas canções."

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.