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Vendendo "Jane Eyre" para adolescentes

Por JULIE BOSMAN

Os teens continuam a ler os clássicos. Só não querem que os livros pareçam tão... tão clássicos.

É essa a teoria de editores que começaram a lançar versões de "Emma" e "Jane Eyre" em invólucros novos: capas modernas e provocantes, em tons ousados de vermelho e verde limão, visando adolescentes que leem "Crepúsculo" e "Jogos Vorazes".

As novas versões vêm substituir as capas tradicionais que acompanham os clássicos há décadas -aquelas imagens sérias de mulheres em trajes cheios de babados. Ao invés delas, agora vemos imagens como a de Romeu com a barba por fazer, usando uma regata branca colada ao corpo, numa nova edição de "Romeu e Julieta" lançada pela Penguin.

A ideia é que as capas aproveitem a popularidade crescente do gênero literário adulto jovem, a categoria editorial que vem crescendo mais rapidamente. Nos últimos dez anos, as editoras vêm injetando recursos e energia em livros para teens, lançando mais títulos a cada ano.

Depois da sensação criada pela série "Crepúsculo", de Stephenie Meyers, os romances paranormais viveram um boom. A HarperCollins lançou uma edição de "O Morro dos Ventos Uivantes" com capa de fundo preto simples, com uma rosa vermelha em close e a legenda "o livro favorito de Bella e Edward". Críticos consideraram que foi uma exploração de "Crepúsculo".

As vendas de algumas edições para adultos jovens vêm sendo boas. A edição de "Morro dos Ventos Uivantes" publicada pela HarperCollins vendeu 125 mil exemplares desde seu lançamento em 2009, um número fora do comum que fez o livro voltar para as listas dos mais vendidos. Como muitas obras da literatura clássica já fazem parte do domínio público, qualquer editora pode lançar uma versão, deixando o texto dos livros intocado mas redesenhando a capa.

Em março, a Splinter, um selo da Sterling Publishing, começou a publicar a série Classic Lines, feita de edições de romances clássicos com capas moles, guardas dobradas e, nas capas, ilustrações delicadas que parecem aquarelas.

Mas alguns teens rejeitam as edições novas. Na Book Passage, na Califórnia, os romances clássicos em "embalagens" novas não andam vendendo bem. Segundo sua proprietária, Elaine Petrocelli, "se um jovem quer ler 'Emma', quer comprar o livro na seção para adultos, não na seção para teens. Os teens não gostam de sentir que estão sendo manipulados."

Tess Jagger-Wells, estudante de 15 anos de San Rafael, Califórnia, disse que "Jane Eyre" é um de seus livros favoritos. Ela aprecia a história por seus momentos antiquados, "encantadores", "pelos quais você tem que esperar -eles não são dados de bandeja". No caso de obras clássicas como esse livro e "Orgulho e Preconceito", Tess contou que prefere edições de capa dura com desenhos de flores, e não as versões novas.

"É legal ter os originais em casa para olhar e mostrar aos outros", explicou. "Isso combina com a sensação de que um livro clássico é algo de valor, algo a conservar. As novas capas fazem os livros parecer romances baratos."

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