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Explorando o petróleo desprezado por outros

Por STANLEY REED

LONDRES - Nenhum petróleo comercialmente explorável tinha sido descoberto no Quênia até que a Tullow Oil começou a perfurar neste ano na escaldante savana do vale do Rift, 400 quilômetros a noroeste de Nairóbi.

Em maio, a companhia disse que seu primeiro poço tinha produzido resultados promissores, indicando mais areias oleosas do que os poços perfurados na região geologicamente semelhante do lago Albert em Uganda, onde a Tullow descobriu um campo de 1,1 bilhão de barris de petróleo em 2006.

Se o Quênia se transformar em outra Uganda, a Tullow terá sido instrumental na abertura de quatro novas bacias de petróleo em seis anos. Três delas, incluindo o enorme campo de Jubilee, nas águas profundas de Gana, estão na África subsaariana. O quarto, no litoral da Guiana Francesa, na América do Sul, foi a recompensa de uma aposta de que as mesmas rochas que contêm petróleo encontradas em águas da África ocidental também poderiam estar presentes no litoral da América Latina.

"Acompanhando seu histórico, temos de dizer que isso é muito bom", disse Neil Piggott, que dirige a exploração da BP no Brasil.

A Tullow foi fundada em meados dos anos 80 por Aidan Heavey, um contador da companhia aérea irlandesa Aer Lingus, que ficou intrigado pela ideia de trabalhar em pequenos campos de petróleo na África que haviam sido menosprezados pelas grandes empresas.

Sob Heavey, a empresa sediada em Londres tornou-se um monstro da exploração, com operações em mais de 20 países e uma avaliação em Bolsa de cerca de US$ 22 bilhões. A Tullow pretende gastar US$ 1 bilhão neste ano em exploração e avaliação, quase a soma de seu lucro operacional em 2011.

A produção da empresa está crescendo depressa, mas continua pequena -com 78.200 barris de petróleo por dia.

Analistas colocam a Tullow na vanguarda de um grupo de ponta de empresas de petróleo que inclui as americanas Anadarko Petroleum e Kosmos Energy.

A Tullow encontra petróleo em cerca de 70% de seus poços de exploração e avaliação, cerca do dobro da média do setor, segundo Rob West, um analista da Bernstein Research, em Londres.

O desafio da companhia é que conforme ela cresce e tenta produzir petróleo, não apenas encontrá-lo, deve encontrar problemas e custos crescentes.

"Eles estão tentando se transformar em uma Shell. É difícil fazer isso com sucesso", disse Stuart Joyner, um analista da Investec Securities em Londres.

O chefe de exploração da companhia, Angus McCoss, disse que a Tullow ignorou os dogmas da indústria e fez "sua própria coisa".

A BP, por exemplo, decidiu não participar da perfuração inicial nas águas profundas de Gana porque a geologia de lá costuma levar a buracos secos muito dispendiosos, disse Piggot. A Kosmos e a Tullow acabaram descobrindo o Jubilee, um dos maiores campos da África, em 2007.

McCoss acredita que o campo de Jubilee faz parte de uma marca geológica que se estende pela costa da África ocidental e é encontrada em todo o Atlântico. Segundo essa teoria, sob as águas da América Latina há uma imagem espelhada dos ricos depósitos de petróleo na África ocidental, que ficaram onde uma antiga massa terrestre chamada Pangaea se dividiu.

McCoss testou sua ideia quando a Tullow perfurou um poço ao largo da Guiana Francesa. Em setembro, a Tullow disse que tinha encontrado uma grande quantidade de petróleo. McCoss diz que pode haver bilhões de barris ou mais de petróleo recuperável.

Neste mês, a Tullow anunciou uma descoberta na costa do Marfim, reforçando a teoria de McCoss. A descoberta no Quênia é uma aplicação terrestre da abordagem de McCoss. Depois de levantar dinheiro de sua descoberta em Uganda, a Tullow saiu em busca de locais semelhantes no vale do Rift, no Quênia e na Etiópia. A empresa montou um campo de exploração de cerca de 200 mil quilômetros quadrados por apenas US$ 23 milhões.

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