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Mais mulheres buscam o aumento da libido

Por ABBY ELLIN

Na ausência de equivalentes femininos para medicamentos como Viagra, Cialis e Levitra, muitas mulheres estão recorrendo a produtos de venda livre, como lubrificantes, géis, óleos de massagem, suplementos nutricionais e fitoterápicos e vibradores.

O K-Y Intense (gel que promete elevar a sensibilidade no clitóris) é vendido em grandes drogarias e supermercados dos EUA. Também estão disponíveis o óleo ON, da Sensuva, o Intimina, "linha de estilo de vida íntimo", da Lelo, e o Zestra Essential Arousal Oil.

"A mulher média num relacionamento comprometido está fazendo sexo uma vez por semana", afirmou Rachel Braun Scherl, presidente do Semprae Laboratories, fabricantes do Zestra, que contratou como garota-propaganda a estrela de reality shows Kris Kardashian Jenner. "Nossa ideia não é que elas façam mais sexo -é que, se elas estão fazendo sexo, deveriam aproveitar mais."

A eficácia desses produtos não está comprovada. O setor não é regulamentado e raramente há testes clínicos.

A consultora de tecnologia da informação Erin Drought, 28, de Edmonton, diz que seu desejo sexual evaporou por causa de um remédio contra o transtorno bipolar. Ela topou com o Zestra num supermercado e decidiu experimentar, mas não contou ao marido, porque "não queria lhe dar esperanças". Por algum motivo, disse ela, funcionou.

"Era como um interruptor de luz", contou. "Foi quase como quando eu peguei meus novos óculos e pude finalmente ver as coisas à distância. Foi tipo: 'Uau, então enxergar é assim'."

Muitos dos produtos para a excitação usam "óleo de hortelã-pimenta ou alguma variação; a ideia é causar um formigamento", disse Bat Sheva Marcus, diretora do Centro Médico para a Sexualidade Feminina em Manhattan e Purchase, Nova York. "Algumas pessoas acham que queima, algumas acham realmente excitante, ou não sentem nada."

Uma questão mais difícil, em primeiro lugar, é definir o termo "melhora sexual". "Elas não querem fazer sexo nenhum? Há uma diminuição no desejo sexual? Elas têm orgasmo? É preciso separar isso", disse a ginecologista Cheryl Perlis, de Lake Bluff, Illinois. "Algumas pessoas não conseguem fisicamente atingir o orgasmo em qualquer idade. Há muitas definições diferentes."

A disfunção sexual feminina continua sendo um tópico polêmico, embora deva se tornar um diagnóstico oficial (a ser chamado de distúrbio da excitação/interesse sexual) na quinta edição do DSM, manual de diagnósticos psiquiátricos a ser lançado em 2013.

A terapeuta sexual Leonore Tiefer, professora na Escola de Medicina da Universidade de Nova York, argumentou em artigo publicado em 2006 na "PLoS Medicine" que a disfunção sexual feminina é "um caso clássico da promoção de uma doença pela indústria farmacêutica e por outros agentes", como profissionais da saúde e jornalistas.

Marcus discorda. "A disfunção sexual feminina é um problema real. Dizer que as mulheres estão se queixando das suas vidas sexuais porque as empresas farmacêuticas mandaram é insultante para as mulheres."

Para o ginecologista e especialista em medicina sexual Michael Krychman, de Newport Beach, na Califórnia, "essas queixas sexuais são reais, não são imaginadas". "As mulheres estão sofrendo em silêncio e estão procurando soluções", acrescentou.

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