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Bebês prematuros correm risco maior de doença mental

Esquizofrenia e grave depressão entre os riscos

Por NICHOLAS BAKALAR

O nascimento prematuro pode elevar o risco de doenças mentais na juventude, apontou um estudo recente.

Pesquisadores reviram prontuários de partos e internações de mais de 1,3 milhão de suecos nascidos entre 1973 e 1985. Eles concluíram que os jovens adultos nascidos muito prematuramente -com menos de 32 semanas de gestação- tinham mais do que o dobro da propensão a serem hospitalizados por esquizofrenia e delírios, quase o triplo para internação por depressão grave e mais de sete vezes para internação por transtorno bipolar.

Chiara Nosarti, autora do estudo e conferencista do Kings College, de Londres, enfatizou que, "apesar dessas conclusões, a maioria das pessoas nascidas prematuras não tem problemas psiquiátricos e o número de pessoas hospitalizadas com doenças psiquiátricas é baixíssimo".

No entanto, acrescentou, exames de rotina podem ajudar a detectar sinais precoces de doenças mentais.

O risco também é elevado, mas não tanto, para prematuros nascidos com 32 a 36 semanas de gestação. Eles tinham 60% mais propensão a serem internados por esquizofrenia ou delírios, 34% mais chances de o serem por depressão e cerca de o dobro da probabilidade de hospitalização por transtorno bipolar.

Os pesquisadores admitem que as descobertas podem ter sido afetadas por fatos impossíveis de controlar, como fatores sociodemográficos, histórico familiar de prematuridade, tabagismo ou abuso de substâncias químicas pela mãe e infecções bacterianas ou virais.

Bradley Peterson, diretor do Centro para a Neuropsiquiatria do Desenvolvimento, no Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova York, afirmou que o tamanho da amostra é "impressionante", e permite "níveis altíssimos de confiança" nos resultados.

Os autores do estudo dizem haver uma explicação biológica plausível para suas conclusões. O cérebro prematuro é mais vulnerável a lesões, e exames funcionais de ressonância magnética em jovens adultos nascidos muito prematuros apontaram perturbações das redes cerebrais semelhantes às de pacientes psiquiátricos. Além disso, fatores genéticos que por si só não levariam à doença podem ser ativados pelo nascimento prematuro.

O estudo foi publicado no mês passado no site da revista "Archives of General Psychiatry". A pesquisa levou em conta também o peso ao nascer e o índice de Apgar (um indicador geral da saúde do recém-nascido), medido cinco minutos após o parto. Bebês pequenos para a sua idade gestacional estavam associados apenas à hospitalização por dependência de drogas e álcool e o índice de Apgar foi relacionado só ao transtorno depressivo.

A associação entre o nascimento prematuro e a hospitalização psiquiátrica persistiu após serem descontados fatores como o índice de Apgar, o crescimento fetal insatisfatório, as condições sociodemográficas da mãe e o histórico psiquiátrico materno.

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