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Ensaio/Randall Stross

Exercício com videogame não deixa em forma

Tirar do sofá nossas crianças sedentárias e com sobrepeso é um desafio. O console Wii, da Nintendo, ofereceu a perspectiva de fazer as crianças se exercitarem sem sair de casa.

Seus "exergames" [mistura de exercício com videogame] geraram a expectativa de deixar a ginástica irresistivelmente divertida.

Mas os games "ativos" não resultam num aumento da atividade física, segundo estudo do Centro de Pesquisas da Nutrição Infantil, da Faculdade de Medicina Baylor, de Houston, publicado na revista "Pediatrics", órgão oficial da Academia Americana de Pediatria.

O estudo avaliou crianças de até 12 anos com índice de massa corporal acima da média, moradores de lares sem videogame. Cada criança ganhou um Wii. Metade teve a chance de escolher dois entre os cinco jogos com maior exigência física. Os demais podiam escolher entre os games passivos mais populares.

Os participantes usaram acelerômetros para mensurar a atividade física ao longo de 13 semanas. O estudo não mostrou "nenhuma evidência de que as crianças que receberam os videogames ativos foram mais ativas em geral, ou a qualquer momento, do que as crianças que receberam os videogames inativos".

"Quando você prescreve uma maior atividade física, a atividade geral [dos jogadores de games ativos] continua a mesma, porque os indivíduos compensam reduzindo outras atividades físicas", afirmou Anthony Barnett, fisiologista do exercício, consultor da Universidade de Hong Kong e um dos autores do artigo na "Pediatrics".

Alterar comportamentos sedentários é muito difícil, diz Charles Cappetta, membro do comitê executivo do Conselho de Medicina Esportiva e Forma Física da Academia Americana de Pediatria. "Pode parecer que os videogames ativos são uma solução fácil para tirar a garotada do sofá. Mas, como mostram esse e outros estudos, eles não fazem isso."

Ele diz que "esportes ao vivo" -ou seja, fora de casa- "continuam sendo o padrão-ouro para se obter benefícios cardiovasculares".

No ano passado, a "Journal of Strength and Conditioning Research" publicou um estudo sobre o uso doméstico do jogo Wii Fit por adultos e crianças durante três meses.

Um grupo da Universidade do Mississippi distribuiu o Wii Fit a oito famílias. Medições da atividade física e condicionamento foram feitos no início do estudo e após seis e 12 semanas.

O Wii Fit foi usado em média durante 22 minutos diários por todos os membros das famílias nas primeiras seis semanas, mas apenas durante quatro minutos por dia nas seis semanas posteriores. Ao final, as avaliações físicas permaneciam basicamente iguais.

Para haver atividade física com benefícios mensuráveis para a saúde, as crianças precisam sair de casa, sem controles remotos nem telas de TV.

Randall Stross é um autor radicado no Vale do Silício e professor de administração na Universidade Estadual de San José

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