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Os limites do erotismo em público

A sexualidade é cada vez mais pública. Um manequim exibe lingerie na vitrine da Le Tache, em Alexandria, Virgínia

Talvez ninguém deva se surpreender que um romance sobre sexo selvagem tenha encontrado um público. A surpresa é como esse público veio a ser grande.

"Cinquenta Tons de Cinza", do autor britânico E. L. James, retrata o relacionamento erótico entre o empresário Christian Grey e uma estudante colegial ingênua, Anastasia Steele.

Com acessórios como correntes e chicotes, a vida sexual do casal fictício fascina milhares de leitores no mundo todo.

Recomendações de boca em boca ajudaram "Cinquenta Tons de Cinza" e os outros livros dessa trilogia a somar venda internacional total de mais de 30 milhões de exemplares.

Antigamente, essas obras poderiam ter sido enterradas na seção de romances de uma livraria, mas o conteúdo erótico está surgindo em lugares inesperados hoje em dia -e causando reações adversas.

O sucesso de "Cinquenta Tons de Cinza" provoca conversas mais amplas sobre feminismo.

Enquanto alguns criticam a representação da sexualidade feminina feita por James, outros observadores aceitam uma personagem que se submete aos homens por consentimento.

"Uma mulher tem o direito de fingir que está sendo estuprada por um pirata, se é isso que ela quer", disse a escritora Anne Rice a Maureen Dowd, do "Times".

Christian, o rico magnata, diz a Anastasia que pode ensiná-la "como a dor pode ser prazerosa".

"O que eu achei fascinante é todas essas mulheres inteligentes, educadas, supermotivadas dizendo que foi a melhor coisa que já leram", disse ao "Times" Meg Lazarus, uma ex-advogada.

Enquanto o conteúdo gráfico adquiriu predominância, os equipamentos digitais tornam cada vez mais fácil consumi-lo.

Os computadores tablet e os smartphones permitem que os usuários vejam pornografia em trânsito -às vezes, na presença de observadores desconfortáveis.

Dawn Hawkins, diretora de uma organização contra a pornografia chamada Moralidade na Mídia, se encontrou em uma situação infeliz em um voo neste ano: ela estava sentada junto de um homem que via mulheres nuas com chicotes em um iPad, relatou o "Times".

E quando ela confrontou o homem outro viajante se irritou com ela.

"Eu não podia acreditar que as pessoas não se importavam que alguém estivesse vendo pornografia em público", disse Hawkins ao "Times".

"Eu não podia acreditar que a sociedade havia chegado a esse ponto."

Em um mundo onde o material sexual não é escondido do modo como era quando a revista "Playboy" era um dos principais canais, os pais estão ficando preocupados com o avanço da pornografia on-line.

Patti Thomson, uma mãe de Massachusetts, às vezes fica confusa com as diversas maneiras de os jovens olhos encontrarem imagens "adultas".

Depois de dar a seus filhos tocadores de música iPod Touch, Thomson os tomou de volta quando percebeu que as crianças podiam usá-los para acessar a Internet -e potencialmente pornografia.

"Eu quis realmente protegê-las até que elas tenham idade para entender isso", disse ela ao "Times".

Outros incentivam a liberdade. Marty Klein, um terapeuta familiar e sexual da Califórnia, aconselha os pais a falar com seus filhos sobre sexo desde cedo para evitar embaraços mais tarde.

"Não vamos voltar aos anos 1950", disse ao "Times", "a um mundo em que não há dispositivos móveis nem apps."

Envie comentários para nytweekly@nytimes.com

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