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Um pouco de terra contra o medo dos germes

Um estudo realizado durante cinco anos por 200 cientistas de 80 instituições dos EUA poderá fazer muito para mudar a imagem negativa das bactérias. O Projeto do Microbioma Humano sequenciou o material genético de bactérias de 250 pessoas saudáveis e descobriu que os 100 trilhões de bactérias que vivem em nosso corpo são importantes para nossa saúde.

Uma maneira de manter um equilíbrio saudável de bactérias pode ser comer mais terra. Junto com um bom vinho tinto.

Enquanto os mercados de produtos orgânicos proliferam nos Estados Unidos, Jeff D. Leach escreveu no "Times", seu impacto mais significativo talvez não sejam os alimentos saudáveis que oferecem, mas "seu papel como veículo para colocar a terra de volta na dieta americana e nesse processo readaptar o sistema imunológico humano com alguns 'velhos amigos'".

Leach diz que esses "velhos amigos", que incluem microorganismos patogênicos e benignos, já fizeram parte da dieta quando a maioria das pessoas vivia em fazendas e comia produtos tirados do chão, em vez da prateleira dos supermercados. Esses "amigos" já protegeram os seres humanos de alergias alimentares e distúrbios autoimunes que aumentaram em um ritmo assustador nas últimas décadas.

Essa pesquisa sugere que reintroduzir organismos da terra e da água "ajudaria a evitar uma super-reação do sistema imune, em vez de uma reação salutar, resultando em doenças crônicas como diabetes tipo 1, doença inflamatória do intestino, esclerose múltipla e uma série de distúrbios alérgicos", escreveu Leach.

Quando você acrescentar terra ao prato de jantar, tome pelo menos duas taças de vinho tinto, que segundo a pesquisa também melhora a saúde intestinal. Para os abstêmios, o vinho sem álcool mostrou-se igualmente eficaz, registrou o "Times".

O "American Journal of Clinical Nutrition" publicou os resultados de um estudo com adultos saudáveis que bebiam cerca de um quarto de litro de vinho tinto diariamente. Eles experimentaram pressão sanguínea mais baixa e melhor composição bacteriana no intestino, o que segundo a pesquisa faz coisas como treinar o sistema imunológico, evitando o crescimento de bactérias prejudiciais e produzindo vitaminas e hormônios saudáveis.

O medo de infecções criou um boom de higienizadores e lenços para as mãos. Os engenheiros também desenvolveram tecnologias contra pneumonia e infecções sépticas, que são cada vez mais comuns em hospitais, e contra microorganismos resistentes a antibióticos que causam dezenas de milhares de mortes por ano, escreveu Diane Ackerman no "Times".

"Os nanoengenheiros desenvolveram uma maneira de revestir as superfícies duras (como grades de camas, maçanetas e móveis de hospital) e também macias (lençóis, luvas e cortinas) com nanopartículas microscópicas de prata, elemento conhecido por matar micróbios", escreveu Ackerman.

Essa tecnologia funciona quase bem demais. Ela mata todas as bactérias, incluindo as boas que nos mantêm saudáveis. Mas a indústria está preenchendo um nicho de mercado ao reagir ao medo das bactérias.

Ninguém negaria que a melhor higiene ajudou muito a eliminar doenças como cólera, febre tifóide, tuberculose e infecções por estafilococos. Mas nossa obsessão por limpeza pode ter ido longe demais, escreveu Leach, e "inadvertidamente dado origem a um conjunto de doenças realmente fabricadas pelo homem".

TOM BRADY

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