Índice geral New York Times
New York Times
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Ensaio - Jenna Wortham

Distração saudável na web

A internet é um labirinto de distrações. É fácil acabar se perdendo nas fotos do novo bebê de uma celebridade, quando você pretendia só responder alguns e-mails.

Mas recentemente eu tive uma experiência diferente. Estressada, com um prazo estourando, eu estava frustrada a ponto de me sentir inútil, e comecei a postar algumas coisas no Twitter e no Tumblr.

Durante um tempo, minha cabeça e meus dedos vagaram a esmo pela web. Quando me cansei disso, voltei à minha tarefa e a concluí. Todo o desvio durou menos de dez minutos e pareceu me deixar mais eficiente.

O que mais se ouve por aí é que nossa atenção está sendo solapada pela infinita enxurrada de serviços que inundam nossas telas e "feeds" -e que isso é debilitante.

Mas descobri que me perder na internet pode ser revigorante. Muitas vezes uso isso para me acalmar e conseguir terminar meu trabalho. Talvez seja possível dominar as demandas pela minha atenção.

É claro que o consenso entre cientistas e pesquisadores é que tentar um malabarismo entre várias tarefas fratura o nosso pensamento e degrada a qualidade de cada ação.

Mas a compreensão da plasticidade do cérebro ou da sua capacidade de se adaptar e reorganizar seus caminhos ainda está nos primeiros estágios.

Adam Gazzaley, neurocientista da Universidade da Califórnia, em San Francisco, que estuda o impacto da interrupção sobre o desempenho mental e a memória, diz que é possível que nossos cérebros estejam se adaptando aos múltiplos estímulos digitais.

Sua equipe de pesquisa está usando videogames para observar como o cérebro se adapta a realizar várias tarefas cada vez mais difíceis.

"Podemos nos treinar para melhorar", afirmou ele.

Pode ser que o cérebro -ou alguns cérebros- consigam lidar com certos níveis de atividade multitarefa, mas não com outros, segundo ele.

Navegar na web e falar ao telefone talvez não exija tanto dos recursos cognitivos quanto, digamos, trafegar numa rodovia e mandar um SMS.

"Estamos empurrando o cérebro para dominar a alternância entre as tarefas", afirmou. "Mas, se as habilidades podem realmente melhorar, a questão é: quanto?"

Há uma florescente indústria voltada para ajudar as pessoas a gerenciar sua atenção. Mas alguns dos responsáveis pelos principais vilões da distração tecnológica estão acrescentando recursos que dão aos usuários mais controle sobre sua disponibilidade e acessibilidade para o resto do mundo.

A Apple pretende adotar um novo recurso chamado "Não Perturbe" na próxima versão do seu sistema operacional para celulares, o iOS. A ferramenta vai silenciar as notificações e chamadas telefônicas.

Susan Etlinger, consultora do Altimeter Group, que assessora empresas sobre o melhor uso da tecnologia, disse que telefones e serviços que oferecem um maior controle sobre as interrupções podem fazer disso um importante chamariz para suas vendas.

"Está se tornando cada vez mais claro que a atenção é a nova moeda", disse ela.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.