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Examinando a mente dos escroques financeiros

POR DIANA B. HENRIQUES

"The Ponzi Scheme Puzzle: A History and Analysis of Con Artists and Victims" ["O Enigma da Pirâmide: História e Análise de Vigaristas e Vítimas"], um livro de Tamar Frankel.

Inspirada por um colega que se referiu aos estelionatários como "esses mímicos da confiança", ela passou mais de uma década trabalhando no livro e analisou mais de cem esquemas de fraude conhecidos como pirâmide financeira.

A professora Frankel, uma acadêmica de direito, fala sobre a mentalidade dos estelionatários, assim como o papel que as vítimas e a sociedade exercem.

P. Você acha que hoje compreende melhor os esquemas de fraude chamados de "Ponzi schemes"?

R. Entendo melhor especialmente o impacto da cultura -uma cultura de assumir riscos, a esperança de ganhar dinheiro, um apetite insaciável por mais.

P. Onde devemos traçar a linha entre confiança e suspeita?

R. Se você examinar a história das sociedades humanas bem-sucedidas, duas coisas são claras. Uma é que você precisa ter confiança. Sem ela, a sociedade não tem sucesso. Ao mesmo tempo, você precisa ser confiável.

P. Mas não é tão simples, é? Algumas vítimas de Bernard Madoff sentem que justificadamente depositaram sua confiança em um veterano do mercado. Então, onde está a linha entre confiança justificada e credulidade irracional?

R. Como eu noto no meu livro, muitos vigaristas fazem parecer que limitam o acesso a seus investimentos, disponibilizando-os apenas para alguns escolhidos. Mas, racionalmente, por que um administrador de dinheiro faria isso? Olhe ao redor e verá fundos hedge, fundos mútuos, fundos de capitais privados e assessores, todos salivando para conseguir mais clientes. No entanto, há aqueles que acreditam que quanto mais difícil for entrar em um investimento, mais valioso ele é. Isso é credulidade.

P. Madoff não prometeu retornos estratosféricos -ele apenas ofereceu uma consistência estável. A senhora não acha que os futuros fraudadores vão tirar uma lição do roteiro de Madoff?

R. Eu duvido. As pessoas estão mais preocupadas com os riscos do que estavam antes da crise. Mas os fraudadores não adaptam suas histórias à cultura atual e ao sentimento público, eles sobretudo se concentram em seu público-alvo. Por exemplo, um estelionatário que operou uma organização de caridade atraiu organizações semelhantes com a história de que um doador anônimo faria investimentos iguais aos deles. Essa história foi convincente porque os gerentes das instituições de caridade têm doadores que desejam permanecer anônimos.

Diana B. Henriques escreveu "The Wizard of Lies: Bernie Madoff and the Death of Trust"

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