Índice geral New York Times
New York Times
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

Ator ganha espaço atrás das câmeras

Por FRANK BRUNI

BEVERLY HILLS, Califórnia - Antes de começar a rodar "Atração Perigosa", seu sucesso de 2010 sobre assaltantes de banco em Boston, Ben Affleck telefonou para várias pessoas.

Kevin Costner. Robert Redford. Warren Beatty. Os três tinham dirigido filmes nos quais atuavam e Affleck queria dicas.

"Uma coisa que todos me disseram, de uma forma ou de outra, foi 'não deixe de filmar tomadas suficientes com você mesmo'", Affleck recordou. "Disseram que a tendência natural, ao fazer uma cena com três atores, é filmar dez tomadas com o ator A, 12 com o ator B, e nesse ponto o tempo provavelmente estará curto, então, por questão de educação, fazer uma tomada só com você mesmo e passar para outra coisa. Porque você não quer ficar parecendo uma prima-dona."

Affleck decidiu assumir esse risco. "Já no primeiro dia, quando chegou à décima tomada comigo mesmo, eu pude sentir as pessoas da equipe técnica revirando os olhos", contou. "Comecei a contar a quem quisesse ouvir" sobre o conselho recebido de seus colegas. Jurou que não era vaidade. "Me aconselharam a filmar muitas tomadas."

Affleck riu ao relatar tudo isso, porque, finalmente, ele superou a timidez o suficiente para conseguir filmar as dez tomadas. "Meus dois primeiros filmes foram uma agonia", comentou, aludindo a "Atração Perigosa" e "Medo da Verdade", este seu filme de estreia como diretor, em 2007, e no qual ele não atuou. "Fiquei morrendo de medo."

E o terceiro? Intitulado "Argo", vai estrear em todo o mundo nos próximos meses e explora um incidente pouco conhecido relacionado à crise dos reféns americanos no Irã, que começou em 1979 e durou um ano.

Affleck faz o papel principal, o de um agente da CIA, especialista em "exfiltração", que se fez passar por produtor de um falso filme de ficção científica para poder ir a Teerã e tentar resgatar seis americanos que estavam escondidos na casa do enviado canadense. O filme combina comédia, drama e política e foi rodado em Los Angeles, Washington e Istambul.

"Eu tinha uma ideia realmente forte sobre como ia fazer o filme", Affleck contou. "Medo da Verdade" tinha recebido elogios. "Atração Perigosa" ganhou críticas ainda melhores. E, nesse percurso, Ben Affleck tinha conquistado uma dose crucial de autoconfiança.

Muitos vêem "Argo" como seu melhor trabalho até agora na direção, um filme que o fará ser um nome de Hollywood tão destacado atrás das câmeras quanto diante delas, aquele que o fará deixar para trás seu passado de aparente playboy. Quem se recorda do noivado com Jennifer Lopez? E da sintonia dos dois em "Contato de Risco"?

Desde então, Affleck se casou com Jennifer Garner; eles estão casados há sete anos e tiveram seu terceiro filho em fevereiro. E, dois dias antes da entrevista concedida para este artigo, ele fez 40 anos de idade. "Fizemos um jantar em casa", contou. Foi uma noite tranquila, com alguns casais convidados, entre eles Matt Damon e sua mulher.

Matt e Ben: amigos de infância de Cambridge, Massachusetts, e queridinhos de Hollywood no fim dos anos 1990, quando ganharam um Oscar pelo roteiro de "Gênio Indomável". Depois disso, Matt Damon foi protagonista de muitos filmes de sucesso. Ben Affleck protagonizou muitos filmes de sucesso, depois de vários fracassos. "Ele estava levando chute atrás de chute", Damon comentou.

Então, Affleck decidiu mostrar um rosto diferente a Hollywood. Ele ajudou a escrever uma adaptação para a telona do romance de Dennis Lehane "Gone, Baby, Gone", sobre o sumiço de uma garotinha e persuadiu o estúdio a deixá-lo dirigir o filme.

Para seu trabalho seguinte como diretor, estava determinado a fazer algo mais amplo.

"Argo" é uma sátira de Hollywood e seus "vendedores", dois dos quais, representados por John Goodman e Alan Arkin, concordam em ajudar o governo dos EUA a montar uma falsa produção de um filme inexistente, intitulado "Argo".

A ação se passa em Teerã, onde as vidas de seis americanos correm perigo. O personagem de Affleck, Tony Mendez, viaja ao país para ensinar os americanos suas novas identidades fictícias e eles fugirem do Irã dessa maneira.

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.