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"Deixe Ryan ser Ryan", pedem conservadores

Por TRIP GABRIEL
e JONATHAN WEISMAN

A escolha do deputado Paul Ryan como candidato republicano a vice-presidente está gerando algo dispensável para a campanha de Mitt Romney: questionamentos sobre a forma como Ryan é utilizado.

Uma ideia que surgiu aos sussurros está agora sendo escancarada: em vez de tomar cuidado para que o número 2 não ofusque o candidato, deixem que Ryan seja Ryan e encare uma detalhada guerra de propostas contra o presidente Barack Obama e os democratas.

"Definitivamente precisam usá-lo mais", disse Rick Brumby, 52, eleitor republicano que esteve num comício de Ryan na Universidade da Flórida Central, em Orlando.

"Eu gosto da mensagem de Romney", disse Brumby, "só acho que Ryan é o mais afiado dos dois, e acho que Ryan está mais aclimatado à classe trabalhadora e se relaciona melhor com ela".

Conservadores inicialmente viram a indicação de Ryan como um sinal de que Romney teria abraçado sua pauta de governo pequeno e a disposição de transformar a eleição em um confronto de ideologias.

Mas, agora que Romney enfrenta diversos problemas e os republicanos demonstram abertamente sua preocupação com o resultado, a lenta volta de Ryan ao tradicional papel de coadjuvante reservado aos candidatos a vice se tornou mais uma válvula de escape para a frustração dos conservadores.

"Fiquei entusiasmado quando Mitt Romney escolheu Paul Ryan, porque achei que seria um sinal de que esse cara estava ficando sério, estava ficando ousado", disse o governador Scott Walker, de Wisconsin, Estado natal de Ryan, a uma rádio.

Em 21 de setembro, Ryan compareceu à convenção anual da entidade de pensionistas AARP e foi vaiado ao propor a revogação da lei da saúde do governo Obama e apresentar a abordagem dele e de Romney contra os problemas financeiros do programa Medicare.

Foi um exemplo do que Chris Chocola, presidente do comitê conservador de ação política Clube do Crescimento, chama em tom admirado de "a resposta 'você está coberto de razão'" de Ryan para seus críticos.

"Se alguém diz que você vai mudar o Medicare tal qual o conhecemos, você diz: 'Você está coberto de razão'", disse Chocola. "A chapa de Romney estaria bem servida deixando Paul Ryan ser Paul Ryan."

Ryan não é o tipo de candidato a vice com ambição ou temperamento para superar o cabeça de chapa. Ele tem desempenhado o papel tradicional de atacar o presidente de forma mais agressiva do que Romney, mobilizar a base partidária e fazer campanha em Estados como Ohio e Wisconsin, para que Romney possa se dedicar a arrecadar doações e se preparar para debates.

Apesar disso, o valor político de Ryan na chapa republicana parece estar se dissipando. Sua presença incendiou os militantes republicanos, mas também mexeu com os democratas. O assunto prioritário de Ryan -a reforma do Medicare- ganhou destaque, mas as pesquisas indicam que isso está beneficiando Obama.

Um funcionário parlamentar ligado ao grupo de Ryan disse que o deputado, que também disputa a reeleição, tem um plano B: voltar ao Congresso, participar ativamente da reforma do código tributário, e usar isso como trampolim para a Presidência.

Se a chapa republicana perder em novembro, Ryan e outros aspirantes vão se apressar para estar em boa posição nas eleições primárias de 2016, segundo Craig Robinson, ex-diretor político do Partido Republicano de Iowa, Estado que inicia o processo de definição das candidaturas.

"Odeio dizer isso, mas se Ryan quiser voltar a disputar um cargo nacional, provavelmente terá de se livrar do fedor de Romney", afirmou.

Richard A. Oppel. Jr. colaborou com reportagem

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