Índice geral New York Times
New York Times
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Jovens em dificuldade e com voto disputado

Eleitores se sentem ignorados por ambos os partidos

POR SUSAN SAULNY

ORLANDO, Flórida - Milhões de jovens trabalhadores que estão em dificuldade ainda não decidiram qual será seu voto na próxima eleição presidencial americana, transformando-se, segundo especialistas, num dos blocos eleitorais mais poderosos e ignorados que existem.

Neste ano e em vários Estados, legiões de jovens desempregados ou subempregados, carentes de formação além do ensino médio, estão qualificados para votar. Mais do que isso, estão indecisos. Em todo o país, cerca de 18 milhões de jovens adultos -mais de 40% dos eleitores em potencial na faixa dos 18 aos 29 anos- não concluíram nem estão cursando uma faculdade. E o desemprego nesse grupo é mais do que o dobro em relação a pessoas com nível universitário.

As campanhas de Barack Obama e Mitt Romney se empenham em direcionar mensagens para esse grupo, um dos mais difíceis de levar às urnas.

Nesse segmento, composto majoritariamente por brancos, as pesquisas sugerem um favoritismo ao conservadorismo fiscal republicano.

Mas, entre os jovens adultos em geral, que tendem a ser socialmente liberais, os democratas podem levar vantagem.

Matt Ely, 25, que trabalha em dois restaurantes em Green Bay, Wisconsin, lamenta que, mesmo com uma jornada semanal de 53 horas, viva "de salário em salário". Ele diz ser contra a proposta republicana de reduzir impostos de contribuintes com maior renda, mas não acha que os democratas tampouco tenham boas ideias. "Eles são todos um bando de ricos que eu realmente acho que não estão nem aí para mim", disse.

Essa declaração reflete uma queixa comum manifestada por jovens adultos que são pobres: suas preocupações são negligenciadas.

Especialistas dizem que jovens trabalhadores que atravessam dificuldades podem parecer alienados, mas são altamente convencíveis. "Muitas pesquisas mostram que, se você pedir aos jovens para serem voluntários ou irem às urnas, eles reagem em graus elevados", disse Peter Levine, diretor do Centro de Informações e Pesquisas do Aprendizado e Envolvimento Cívicos, da Universidade Tufts, que fica nos arredores da cidade de Boston.

Yasmin Kenny, moradora da Flórida, diz ter largado a faculdade há quatro anos por razões financeiras. Ela afirma que pretende votar na candidata do Partido Verde, Jill Stein. Kenny se descreveu como "meio sem-teto", já que dorme em qualquer lugar cedido por parentes.

Kenny, 28, ganha US$ 4,65 por hora como servente numa empresa de restauração.

"Quem está falando dos pobres? Dos trabalhadores?", disse ela.

Ouço as pessoas dizerem que temos um problema com a apatia juvenil. Para mim, não é uma questão de apatia. É uma questão de reconhecimento pelos jovens de que as opções não são suficientes."

Numa recente feira de empregos em Atlanta, Latasha Kelly, 22, disse ver compaixão de Obama pelos pobres. "Não é que um homem possa encontrar empregos para toda essa gente", disse ela. "Mas há muita coisa que o presidente pode fazer."

Anthony Gonzales, 20, morador de Denver, encontrou um emprego de zelador após muita procura. Ele duvida que Obama "tenha uma alavanca para tornar as coisas melhores ou realmente ruins". Apesar disso, ele acha Obama o candidato mais interessante.

No momento, porém, ele não tem como ajudar a reeleger o presidente. É que Gonzales não se cadastrou para votar.

Colaboraram Robbie Brown, de Atlanta; Dan Frosch, de Denver; e Steven Yaccino, de Chicago

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.