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Jovem demais para ter um AVC? Pense duas vezes

Por JANE E. BRODY

Embora a maioria dos acidentes vasculares cerebrais ("derrames") ocorra em maiores de 65 anos, 10% a 15% deles afetam pacientes com 45 anos ou menos.

Um estudo da Universidade Estadual Wayne feita com 57 jovens vítimas de derrames, o Programa de AVC do Centro Médico de Detroit, em Michigan, mostrou que uma em cada sete pessoas recebeu diagnóstico errado e foi para casa sem tratamento adequado.

"Embora vítimas jovens de AVCs se beneficiem mais do tratamento precoce, isso precisa acontecer dentro de quatro horas e meia", diz o neurologista Seemant Chaturvedi, que comandou o estudo. Após 48 a 72 horas, não há muito a fazer para ajudar o paciente, segundo ele.

"Sintomas que surgem repentinamente, mesmo que pareçam triviais, exigem um exame meticuloso", acrescentou.

O estudo de Detroit mostrou que pacientes atendidos por um neurologista no pronto-socorro, e também os que passaram por exame de ressonância magnética como parte do exame inicial, tinham menos propensão a receber um diagnóstico errado.

Os EUA registram um forte aumento na incidência de AVCs entre pessoas de 30 a 50 anos, por causa de uma elevação nos fatores de risco -obesidade, diabetes, hipertensão, apneia do sono- e de melhoras nos diagnósticos. Mas os pacientes mais jovens não se tornaram mais aptos a reconhecerem os sintomas de um AVC.

"Apenas 20% a 30% dos pacientes chegam ao pronto-socorro em três horas a partir do aparecimento do sintoma", diz Chaturvedi.

Todd McGee, aos 34 anos, era um atlético trabalhador da construção civil e vivia em Martha's Vineyard, Massachusetts. Um derrame mudou sua vida para sempre. Com um braço inútil e dificuldade para falar, McGee, hoje com 40 anos, não pode trabalhar. Tudo demora mais, e ele tem problemas de concentração.

"Eu definitivamente queria ter minha vida antiga de volta, construir casas e barcos e surfar no meu tempo livre", afirmou ele.

Uma cefaleia que McGee descreveu como "a pior dor da vida" o levou ao pronto-socorro. O médico atribuiu a dor a uma tensão muscular, deu-lhe um analgésico e o mandou para casa.

Logo depois, ele sofreu o que pensava serem efeitos colaterais do remédio. Agora sabe que se tratava de um ataque isquêmico transitório, um pequeno AVC.

Chaturvedi disse que o aparecimento súbito dos seguintes sintomas deve motivar uma ida ao hospital: dormência ou fraqueza em um dos lados do corpo, confusão ou dificuldade na fala, dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos, tontura ou perda de equilíbrio e/ou coordenação e uma dor de cabeça forte e repentina, sem causa aparente.

"Uma tomografia não mostra AVCs muito bem nas primeiras 24 horas", diz Chaturvedi.

Se o diagnóstico é incerto, a ressonância magnética deve ser feita, e um neurologista precisa ser consultado.

"Os pacientes precisam ser proativos, insistirem em um exame minucioso e pedirem para se consultarem com um neurologista", afirmou.

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