São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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Nos concertos, a ordem agora é ligar o celular

Por STEPHANIE CLIFFORD

Os celulares raramente são aplaudidos nas salas de concerto, onde é considerado de mau gosto deixá-los ligados, quanto mais usá-los durante uma apresentação. Por isso, em um recente concerto da Orquestra Sinfônica de Indianápolis, EUA, de clássicos como a Sinfonia n? 5 de Beethoven, foi um pouco surpreendente quando o maestro instruiu o público a pegar seus telefones.
Os administradores da sinfônica haviam decidido deixar a plateia escolher o bis enviando votos por mensagens de texto: "A" para "Hoedown", de Aaron Copland, ou "B" para o prelúdio ao terceiro ato de "Lohengrin", de Wagner ("Hoedown" ganhou por 23 votos).
"Houve um pouco de hesitação por parte dos músicos no início, disse Samuel Banks, 28, baixista da orquestra. "É um pecado capital ter seu celular tocando durante concertos. É melhor dormir do que deixar o celular disparar."
A sinfônica, que enfrenta o envelhecimento de seu público, está tentando atrair plateias mais jovens. E, como outras organizações artísticas, tenta tornar as apresentações mais interativas, acrescentando um toque de "American Idol" aos templos da grande arte.
Assim como a Sinfônica de Indianápolis, a Filarmônica de Nova York também pediu aos membros da plateia que escolhessem o bis por meio de texto. Em apresentações recentes de "Così Fan Tutte", de Mozart, por uma pequena companhia de ópera, o público usou mensagens de texto para decidir quais casais terminariam juntos.
Os museus também têm usado a tecnologia celular em excursões guiadas por áudio. É grande uma mudança para os órgãos artísticos, que geralmente escolhem seus próprios programas em vez de pedir a colaboração do público.
A Sinfônica de Indianápolis começou oferecendo votos por texto em suas apresentações informais no segundo semestre do ano passado. "Vaudeville e cabarés vêm aceitando pedidos há séculos, e estamos um pouco atrasados para embarcar nessa", disse Banks. "Damos aos frequentadores realmente sua única oportunidade de influir na programação, e é um gesto muito pequeno, mas simpático."
Nos museus, telefones celulares são excelentes substitutos para os antigos aparelhos de visitas guiadas. O Centro de Artes Walker em Minneapolis, EUA, pede aos frequentadores que liguem para um telefone local e digitem o código exibido ao lado de cada obra de arte para ter informação sobre aquele quadro. Mais de 500 museus, incluindo o do Brooklyn, o Museu de Arte da Filadélfia e a Galeria Nacional de Retratos em Washington, usam um serviço chamado Guide by Cell que oferece gravações de áudio.
Em pelo menos um caso, a tecnologia celular faz parte da mensagem de um diretor. Gina Crusco, diretora artística da Underworld Productions Opera Ensemble, foi quem pediu aos membros do público em Nova York que escolhessem quais dos seis personagens principais de "Così Fan Tutte" deveriam acabar juntos. "Cabe ao público moldar o final que tenha maior sentido dramático", disse Crusco.


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