São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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Expectativa cerca filme 3D de James Cameron

Por MICHAEL CIEPLY

LOS ANGELES - Em um antigo hangar de aviões perto da praia de Los Angeles, nos EUA, James Cameron vem trabalhando intensamente para concluir um filme que pode:
a) Mudar para sempre a maneira como se faz cinema;
b) Modificar o cérebro de quem o vê;
c) Curar o câncer.
Para alguns cinéfilos, a resposta certa pode ser "todas as alternativas anteriores". Meses antes de sua estreia nos Estados Unidos, marcada para 18 de dezembro, "Avatar", de James Cameron -thriller de ficção científica filmado com uma tecnologia 3D criada pelo diretor especialmente para o filme- já está suscitando expectativas do tipo até agora reservado à banda The Rapture, por exemplo.
Isso pode ser indicativo de um sucesso da ordem de "Titanic", também de James Cameron, que rendeu US$ 1,8 bilhões em vendas mundiais de ingressos. Ou, então, pode não passar de uma grande dor de cabeça para a 20th Century Fox, que está financiando "Avatar" e precisa administrar a expectativa em torno de um filme cuja maestria tecnológica é vista por muitos como promessa de um salto de experiência para as plateias, algo comparável à chegada do Technicolor.
Nem um trailer, nem uma única foto do filme -a história de um soldado incapacitado que usa tecnologia para habitar um corpo alienígena- foram disponibilizados por James Cameron ou pela Fox. Mas Joshua Quittner, jornalista que escreve sobre tecnologia na revista "Time", alimentou o "hype" em março, quando relatou ter sentido um estranho anseio de retornar ao planeta mítico mostrado no filme, Pandora, na manhã depois de ter assistido a apenas 15 minutos de "Avatar". Segundo Quittner, Cameron teorizou que a ação em 3D do filme teria desencadeado "uma criação de memórias" real.
Entrevistado recentemente, Quittner disse que ainda está sob a impacto provocado pela experiência. "Foi como tomar algum tipo de droga", disse, descrevendo uma cena em que o herói do filme, representado por Sam Worthington, acompanhado "de uma alienígena sensual", era atacado por criaturas semelhantes a onças e ficava sob uma chuva de duendes que desciam do céu suavemente, como flocos de neve.
"Você sente coisas semelhantes a penas caindo sobre seus braços", disse o jornalista. Em comunicado à imprensa, a Fox escreveu: "Jim Cameron está penetrando em terreno novo com este filme. Como todos os fãs do cinema, o estúdio está empolgado com a perspectiva de um trabalho de entretenimento tão original."
Em entrevista à agência Associated Press em dezembro, Cameron se disse receoso de que "Avatar" não esteja à altura das expectativas. "Seja o que for que pensam que o filme será, ele provavelmente não é", disse, referindo-se às pessoas que estão tecendo especulações. Contudo, o diretor tem alimentado o "hype" com repetidas declarações de que a onda de cinema em 3D que está por vir terá o poder de penetrar no cérebro dos espectadores de uma forma que filmes comuns nunca fizeram.
O neurologista comportamental Mario Mendez, da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em Los Angeles, comentou que é possível que o filme de Cameron mexa com sistemas cerebrais que não são ativados pelos filmes convencionais em 2D. Um desses, disse, é uma espécie de sistema interno de posicionamento global que orienta a pessoa em relação ao mundo que a cerca. "O 3D demonstravelmente cria um espaço que ativa esse GPS; é realmente muito estimulante", disse Mendez.
Na convenção de exibidores de cinema ShoWest, James Cameron, em vídeo promocional, comparou a experiência de assistir a "Avatar" com "sonhar de olhos abertos".
Mas um grupo cada vez mais impaciente de fãs quer ter a experiência real. Alguns já estão ironizando seus pares, dizendo que estão esperando demais de "Avatar". Um dos céticos, Danny Danger, escreveu em um blog no site MySpace em janeiro: "Dá até para imaginar que esse filme cura o câncer".


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