São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009

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Cão clonado não substitui o melhor amigo


Uma mesma cadela já foi clonada quatro vezes

Por ERIC KONIGSBERG

FAIRFAX, Califórnia - O mais complicado nos cães clonados não é distingui-los, e sim explicar por que não são exatamente iguais. Foi isso que Lou Hawthorne estranhou ao ver Mira e MissyToo, duas cadelas cujos embriões foram criados a partir do DNA preservado, reciclado e reprogramado da Missy original, uma cruza de border collie e husky que morreu em 2002.
Assim que as pessoas ouvem falar de cães clonados, as perguntas começam: “Por que o pelo de uma das cadelas é mais crespo?”
“Por que as cadelas não têm o mesmo tamanho?”
A clonagem foi promovida pela BioArts, a empresa de biotecnologia de Hawthorne, que tem um acordo com um laboratório da Coreia do Sul para realizar o procedimento.
Seu geneticista-chefe é Hwang Woo Suk, da Fundação Sooam para a Pesquisa da Biotecnologia, da Coreia do Sul. Hwang é conhecido por ter fraudulentamente noticiado em 2004 que a sua equipe clonara embriões humanos e células-tronco na Universidade Nacional de Seul, de onde foi demitido. Mas também é amplamente reconhecido por ter participado da bem-sucedida clonagem de um cachorro afghan hound em 2005.
“O passado de Hwang obviamente é polêmico, mas achamos que seu laboratório e seu histórico são os melhores da área quando se trata de clonagem de cães”, disse Hawthorne, 48.
O embrião de cada clone foi criado juntando o DNA nuclear de Missy com o óvulo “desnucleado” (ou seja, sem DNA) de outra cadela. Depois disso, cada embrião foi gestado no útero de uma terceira cadela —a qual, sem ter participação na composição genética da cria, pode afetar traços externos como a ondulação da pelagem (que tem a ver com o nível de colágeno).
Missy 1.0 —a “doadora genética” de Mira e MissyToo, como é chamada— pertenceu à mãe de Hawthorne. Por enquanto há quatro clones de Missy por aí, segundo ele.
“Ela era uma cadela incrível: intelecto superior, incrivelmente bonita, obediente, um temperamento fenomenal”, disse o cientista. “Eu adorava especialmente a majestosa cauda emplumada dela.” E nos clones, segundo ele, “todas essas qualidades estão representadas”.
Os clones variam bastante em cor e tamanho, segundo Hawthorne, principalmente porque nasceram com meses de diferença e nenhum chegou à idade adulta ainda.
Mas Joan, mãe de Hawthorne e dona da “doadora genética”, discorda: “Elas não são nada parecidas”, disse, comparando a velha Missy com MissyToo. “A filhote é delicada e agressiva. Missy era robusta e completamente calma.” E acrescentou: “Missy jamais entraria na minha casa e derrubaria todas as taças de vinho”.


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