São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2010

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Cosméticos ganham embalagem não poluente

Por CAMILLE SWEENEY

As novas entusiastas da ecobeleza exigem que tudo, do gel de cabelo ao esmalte de unhas, seja ambientalmente correto -não só por dentro, mas também por fora. Para elas, a questão do ciclo de vida não se aplica só à elasticidade da pele, mas também àquilo que ocorre com o estojo vazio de maquiagem. E para onde vai o frasco de xampu depois de jogado no lixo?
No ano passado, 1 em cada 5 mulheres de 25 a 34 anos que participaram de uma pesquisa da Mintel disse que, numa loção corporal, a "embalagem amiga do meio ambiente" importa tanto quanto as propriedades antienvelhecimento do produto.
Num estudo de 2008 também da Mintel, 40% das entrevistadas afirmavam que tal embalagem era parte da sua decisão na compra de maquiagens.
A indústria da beleza está respondendo com novos produtos, embalagens e materiais, como os estojos feitos de bambu e papel da Physicians Formula, o frasco de materiais reciclados do creme Green Science, da Aveda, e o papel com sementes como a de amaranto que envolve o sabonete da Pangea Organics.
A meta do setor é usar os recursos naturais de modo mais responsável, e a sustentabilidade inclui, por exemplo, a energia empregada nas embalagens, ou mesmo a adoção de lâmpadas mais econômicas nas empresas.
"Há embalagens demais nos produtos de beleza", disse Starre Vartan, autora do blog The Eco Chick Guide to Life ("O guia de vida da garota ecológica"), que trata de moda e cosméticos que não agridem o meio ambiente. "Há o recipiente e a cartolina dentro da caixa, que é embrulhada em plástico.
E, se for embarcada, há 16 camadas de papel a acrescentar. Quando você abre, dá para ver emissões [de carbono] saltando. Mas não significa que estejamos dispostas a ficar sem [os produtos]."
Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, as embalagens representam um quarto do material jogado em lixões.
A Estée Lauder, dona de 28 marcas, inclusive Origins e Aveda, definiu normas de design para que a embalagem sustentável seja sua prioridade. "Podemos fazer pequenos redesenhos na embalagem que têm um enorme impacto que a consumidora pode nem notar", disse John Delfausse, diretor ambiental de embalagens corporativas da Estée Lauder.
Reduzir a forma e o peso de um frasco, tubo ou pote, mas mantendo o mesmo volume, é uma prática comum em produtos da Estée Lauder, segundo Delfausse, e que está sendo adotada em todo o setor.
A Aveda criou lápis de maquiagem certificados pelo Conselho de Manejo Florestal, entidade que estimula a gestão responsável das florestas globais.
Da mesma empresa, o pincel de maquiagem Flax Sticks é feito com cerdas compostas de 30% de fibras naturais de linho, combinadas com resina reciclada de papel de escritório, papelão, latas de alumínio, plásticos e metais. O pincel é embalado em um saco de celulose biodegradável.
As empresas estão atentas àquela que pode ser a próxima onda das embalagens: o bioplástico e as biorresinas, feitas a partir de recursos renováveis, como substâncias do milho e do açúcar.
Algumas empresas, como MAC Cosmetics e Aveda, estão promovendo programas de reciclagem. Mas um grande obstáculo, segundo as companhias, é tentar encontrar recipientes e peças que tornem toda a embalagem "verde".
"Por muito tempo procuramos uma bomba sustentável [do spray] para ir no nosso frasco de vidro do limpador facial de romã", disse Tata Harper, sobre sua linha natural de cuidados para a pele.
"Queríamos evitar as bombas porque elas tipicamente são feitas de dois materiais, plástico e uma mola metálica e, portanto, não podem ser recicladas a não ser que (os materiais) sejam separados, o que a maioria das usinas de reciclagem não faz."
Como os produtos dela não contêm conservantes, "não podemos fazer as pessoas meter os dedos no limpador para retirá-lo, com risco de contaminação", afirmou Harper. Por isso, ela teve de se contentar com bombas que ela considera ruins. "Supostamente há uma bomba 'verde' melhor que está sendo desenvolvida agora, mas vamos ver."


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