São Paulo, segunda-feira, 03 de agosto de 2009

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Internautas disputam sua identidade virtual

Posseiros digitais tentam vender endereços famosos

Por BRAD STONE

SAN FRANCISCO - Desde que, em junho, o Facebook começou a distribuir endereços on-line customizados -do tipo facebook.com/seunome-, mais de 9,5 milhões de pessoas correram para pegar os nomes de sua escolha.
Brigas públicas já explodiram no Twitter em torno de chamadas contas de impostores.
Celebridades, empresas e até pessoas comuns podem ser desculpadas se acharem tudo isso um pouco déjà vu. Reivindicar e proteger nomes e marcas registradas na internet parece ter virado uma batalha sem fim.
Quando os nomes de domínio se tornaram bens valorizados, nos anos 90, eram sobretudo empresas que se preocupavam em reivindicar os endereços de seus nomes. Mas, nesta era narcisista na internet, pessoas antes anônimas hoje aparentemente se veem como pequenas celebridades on-line, com suas marcas próprias a promover.
Chris Hardwick é humorista e apresentador na rede norte-americana de TV a cabo G4, voltada a assuntos de tecnologia.
Alguns anos atrás, ele não teve problemas para registrar o endereço chrishardwick.com. Mas perdeu a oportunidade de reivindicar seu nome no MySpace para um Chris Hardwick de Ohio. Ele voltou para casa, após uma apresentação, tarde demais para conseguir o endereço que teria gostado no Facebook; disse que, aparentemente, o endereço ficou com um estudante secundarista no Reino Unido.
"É como uma cidade do Velho Oeste, cheia de Chris Hardwicks com as mãos sobre os mouses, prontos para sacar o mouse e atacar", disse ele.
Para algumas pessoas, as regras deste novo jogo são frustrantemente vagas. O Facebook convidou celebridades e donos de mercas registradas que constatarem que seus nomes já foram pegos a preencher um formulário de reclamação em seu site.
Diz que resolverá as disputas individualmente, caso a caso. O Twitter começou a checar as identidades de usuários muito conhecidos, dando a eles um selo de autenticidade em suas páginas. Jenna Sampson, porta-voz do Twitter, disse que o programa é um teste em pequena escala.
Ninguém sabe se esses terrenos on-line possuem algum valor duradouro -apenas que contas em sites como Twitter e Facebook tendem a aparecer no topo da lista quando se fazem buscas na web. Por essa razão, muitas pessoas estão mergulhando fundo -incluindo alguns chamados ciberposseiros, que esperam lucrar com contas e endereços na web.
Os sites de mídia social oferecem às empresas novas maneiras de promover suas marcas, disse Howard H. Weller, advogado especializado em marcas registradas. Mas acrescentou: "Tudo isso abre novas possibilidades de abuso e significa que os proprietários de marcas registradas precisam cuidar do policiamento".
Os posseiros digitais continuam a tentar, criando potenciais dores de cabeças para empresas. A Dell, por exemplo, conseguiu o endereço facebook.com/dell, mas o estudante norte-americano Jeremy Fancher registrou o endereço facebook.com/dellcomputer e pretende tentar vendê-lo. "Seria engraçado se outra empresa de computadores comprasse o endereço", disse Fancher. "Isso ilustra como é confusa a situação quando se registram essas contas."


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