São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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Combustíveis alternativos enfrentam grande desafio

Financiamento para projetos está minguando

Por Clifford Krauss

HOUSTON, Texas - Energias alternativas como a eólica (do vento) e a solar estão enfrentando grandes e novos desafios por causa do congelamento do crédito e da queda dos preços do petróleo e do gás natural. As ações das empresas de energia alternativa caíram ainda mais do que o resto do mercado nos últimos meses. As dificuldades das instituições financeiras causam temores de que o capital de investimento para grandes projetos de energia renovável fique mais apertado.
Os ecologistas temem que, se os preços do petróleo e do gás continuarem caindo, o incentivo para que as empresas fornecedoras e os consumidores comprem energia renovável, mais cara, também diminua. Foi o que aconteceu nos anos 1980, quando uma década de avanços na energia alternativa desabou junto com os preços dos combustíveis convencionais.
"Todo mundo está chocado sobre como vai ser o novo mundo", disse V. John White, diretor-executivo de Centro para Eficiência Energética e Tecnologia Renovável, um grupo de ativistas da Califórnia. "Com certeza os projetos de energia renovável e as novas tecnologias correm risco, por causa de seu uso intenso de capital."
Após anos de rápido crescimento, os obstáculos repentinos significam que a energia renovável dependerá mais de subsídios oficiais, decisões políticas e financiamento de pesquisas, num momento em que Washington está sobrecarregada de problemas econômicos.
John Woolard, executivo da companhia solar BrightSource Energy, acredita que o futuro das renováveis em longo prazo segue promissor, mas "hoje estamos vendo mercados de capital tumultuados e imprevisíveis".
O financiamento de capital de risco para alguns projetos solares avançados e para biocombustíveis experimentais está minguando. segundo analistas que acompanham os fluxos de investimento.
Vários projetos de etanol de milho foram adiados por falta de financiamento em Iowa e Oklahoma desde setembro, e uma operadora de usina em Ohio pediu concordata em outubro. A Tesla Motors anunciou que foi obrigada a adiar a produção de todos os carros elétricos Model S, fechar escritórios e demitir funcionários.
O financiamento mundial para energia eólica, solar, biocombustíveis e outros projetos alternativos este ano caiu para US$ 17,8 bilhões no terceiro trimestre, contra US$ 23,3 bilhões no segundo trimestre, segundo a firma de pesquisas New Energy Finance. A queda deverá se acentuar no quarto trimestre e no próximo ano.
O investimento mundial total em energia renovável aumentou para US$ 148,4 bilhões no ano passado, contra US$ 33,4 bilhões em 2004, segundo Ethan Zindler, diretor de pesquisa para a América do Norte na New Energy Finance. Neste ano, o impulso ascendente parou e o investimento total para 2008 provavelmente será menor que o de 2007.
Na década de 1970, assim como nos últimos anos, o alto preço dos combustíveis fósseis provocou um crescente interesse pelas energias renováveis. Mas, quando o preço do petróleo despencou na década seguinte, o mercado nascente desmoronou. O Congresso americano eliminou créditos fiscais para energia solar, o etanol não podia concorrer com a gasolina barata e um boom de fazendas eólicas na Califórnia deixou de se propagar para o resto dos EUA.
O epicentro do investimento e desenvolvimento mudou-se para a Europa, onde há forte apoio dos governos.
Ele começou a voltar para os EUA só quando os preços do óleo para aquecimento e do gás natural começaram a disparar.
As principais questões enfrentadas pelas renováveis hoje são por quanto tempo o crédito ficará justo e até onde cairão os preços do petróleo e do gás. Eles ainda estão relativamente caros pelos padrões históricos, mas caíram pela metade desde julho e esperam-se novas quedas.
A crise de crédito significa que algumas empresas que gostariam de construir usinas terão problemas. "Se você não pode pedir empréstimos, não pode desenvolver as renováveis", disse Ken Book, da FBR Capital Markets.

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